Déficit do Saúde Caixa confirma acerto da categoria ao aprovar novo ACT
Impasse sobre diretores indicados ao Banrisul adia votação do reajuste do mínimo regional
Deputados questionaram salários que serão oferecidos aos indicados e perfil privatista de Cláudio Coutinho
Não houve votação na sessão plenária desta terça-feira (21) na Assembleia Legislativa do RS. Nem os deputados da base aliada do governo Eduardo Leite (PSDB) mantiveram quórum, quando seria votado o decreto que trata das indicações do governador para presidente e diretores do Banrisul com o pagamento de supersalários. Com isso, os sete projetos em pauta, como o reajuste do salário mínimo regional para 2019, não foram apreciados, ficando remetidos para a pauta da próxima terça (28).
“Na semana que vem voltaremos a fazer pressão nos corredores, nos gabinetes e nas galerias da Assembleia, cobrando a votação do reajuste do mínimo regional, que beneficia cerca de 1,5 milhão de trabalhadores do campo e da cidade, os que recebem os menores salários no Estado”, disse o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. Pela manhã, as centrais foram até a Assembleia e pressionaram líderes das bancadas, a fim que o chamado piso regional fosse incluído na pauta da sessão. Os dirigentes sindicais defendem a aprovação da emenda da bancada do PT, que prevê reajuste igual ao mínimo nacional, que foi de 4,61%. Já o projeto do governador estabelece reajuste de 3,4%, repondo apenas a inflação de 2018.
“É vergonhoso que o governador tenha indicado um presidente e alguns diretores privatistas e ainda para ganharem mais do que o dobro dos atuais dirigentes do Banrisul, enquanto achata o mínimo regional e atrasa, parcela e arrocha os salários dos servidores estaduais”, afirmou Nespolo.
Diretores indicados com supersalários no Banrisul são questionados
O líder da bancada do PT, deputado Luiz Fernando Mainardi, disse que a informação de que o salário do presidente do banco seria de R$ 123 mil é constrangedora diante do atual quadro das finanças do estado. “Não podemos aceitar isso. Nem vou falar do fato de o indicado (Claudio Coutinho Mendes) ter vindo de uma empresa em que a expertise são as privatizações. No dia em que estamos votando o piso regional de salários, quando o governador propõe um piso com correção menor que a do próprio salário mínimo”, criticou.
O deputado Edegar Pretto (PT) frisou que a obstrução se deu pela nomeação do presidente do banco não estar correta e devido à informação dos supersalários para presidente e diretores. “Não é possível o governo fechar os olhos e não querer nem escutar o parlamento. Nos interessa saber e o governo precisa dar explicação ou vai pagar esse preço, pois essa já é a terceira sessão sem votação”, sintetizou.
A deputada Sofia Cavedon (PT) frisou que, ao mesmo tempo que a Casa sabatinava os dirigentes indicados ao Banrisual, a mídia noticiava o compromisso do governador de duplicar o valor do salários do presidente. Os diretores indicados confirmaram que terão os seus salários majorados e a reserva que mudou para pagar a diretoria de R$ 15 milhões para R$ 20 milhões também indica isso.
“Uma vez sabedores ao aprovarmos estes nomes, estamos sacramentando estes salários. Estaremos prevaricando. O Banrisul tem uma carteira de clientes vinculada à folha de pagamento do funcionalismo, às prefeituras. Uma política de fomento à economia gaúcha, mas o que está sendo proposto é um banco para disputar o mercado”, disse Sofia.
Para o deputado Zé Nunes (PT), passar de R$ 52 mil para R$ 123 mil os salários do presidente do Banrisul, frente à atual situação do Estado, em que os salários dos professores são parcelados, não é compatível. “Não podemos discutir e ficar quietos. Os salários não são compatíveis com a situação do RS. Como é que nós vamos olhar na cara dos professores?”, sustentou.
O deputado Pepe Vargas (PT) enfatizou que “o Banrisul não deve almejar somente o lucro. Ele precisa pensar no desenvolvimento econômico e social do Estado”.
Valorização do mínimo regional
Mesmo com a falta de quórum, teve deputados que ao usarem a tribuna defenderam a valorização do mínimo regional, como Fernando Marroni (PT), dizendo que ele faz a economia girar. O parlamentar observou que a Assembleia não estava discutindo o “salário mínimo, mas o salário máximo”.
Segundo Marroni, “precisamos discutir e valorizar o salário mínimo que movimenta a economia, mas estamos sob um governo de novas façanhas. E a primeira delas foi diminuir a democracia no RS, porque, diminuindo a participação, diminuímos o direito do povo decidir”.
O deputado afirmou também que o governador prometeu plebiscito e não fez. Disse que não ia privatizar Corsan e Banrisul, mas foi ao Rio de Janeiro e negociou com um cidadão que veio de uma empresa de consultoria especializada em privatizações, sinalizando que a intenção é no futuro vender o Banrisul.
“Um banco que dá R$ 1 bilhão de lucro por ano não pode ser jogado fora, mas os supersalários elevariam a folha de pagamento para R$ 100 milhões, entre salários e participações. É isso que nós vamos contribuir para o desenvolvimento do estado e para as finanças públicas?”, questionou Marroni.
Fotos: Marcus Perez – CUT-RS
Fonte: CUT-RS com Assembleia Legislativa do RS

