Contraf-CUT lança linha do tempo de conquistas da categoria bancária
Deputados pedem responsabilização criminal de Rubem Novaes
Novaes autorizou venda de uma carteira de crédito do BB ao BTG Pactual por apenas R$ 371 milhões, quando o valor estimado do ativo é de R$ 2,9 bilhões
Deputados federais Enio Verri (PT-PR), e os deputados Zé Carlos (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF) e João Daniel (PT-SE), que integram a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, protocolaram na segunda-feira (3), uma ação no Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes. Os deputados pedem a responsabilização criminal de Novaes pelo prejuízo financeiro que o BB teve quando ele ainda estava no comando da instituição.
Antes de pedir demissão, no último dia 24 de julho, Novaes autorizou a venda de uma Carteira de Crédito do banco público ao banco privado BTG Pactual por apenas R$ 371 milhões, quando o valor estimado do ativo é de R$ 2,9 bilhões.
Os deputados afirmam à Procuradoria da República no DF que é preciso esclarecer se houve interesses escusos envolvidos na venda da carteira de crédito. Lembram que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um dos fundadores do BTG Pactual.
Preço de banana
“Qual a razoabilidade do Banco do Brasil ter alienado essa Carteira de Crédito por 12,8% do seu valor estimado quando o próprio conglomerado do BB possui a empresa Ativos S.A. que tem obtido taxas de retorno e sucesso da ordem de 23% segundo o balanço de 2019 do próprio Banco do Brasil?”, questionam os petistas.
Na representação, os deputados apresentam ainda o argumento do coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, de que a transação realizada pelo ex-presidente do Banco do Brasil foi péssima para a instituição.
“A Ativos (S.A.) consegue compor mais um novo patrimônio em praticamente quatro anos. É uma empresa que dá uma excelente rentabilidade ao BB, e não faz sentido ceder uma carteira para um fundo privado. Há muito ainda o que ser explicado sobre esse episódio e ainda sobre uma suposta concorrência com quatro empresas especializadas divulgada à mídia pela direção do banco logo após a repercussão do repasse da carteira de crédito”, disse o dirigente sindical.
Na ação, os parlamentares destacam que a Ativos S.A. (segundo balanço do Banco do Brasil) fechou 2019 com um lucro líquido de R$ 210 milhões, com um aumento de R$ 76 milhões em relação a 2018.
Falta de transparência
Além do prejuízo financeiro, os deputados petistas também acusam os responsáveis pela venda da carteira de crédito do BB de não terem “promovido transparência e tampouco efetiva concorrência entre possíveis interessados na aquisição desses créditos, para que fosse assegurada a melhor vantagem ao Banco do Brasil”.
Os autores da representação ao MPF expõem ainda os argumentos da economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse) Cátia Uehara, que explica como funciona a realização dos lucros após a venda de uma carteira de crédito e como faltou transparência do Banco do Brasil ao realizar a transação.
“Essas empresas/fundos, então, compram essas carteiras e, por meio de um processo chamado securitização, transformam ativos; como cheques, crédito, duplicatas e outros recebíveis em atraso; em um título. Para os compradores, o lucro vem da diferença entre o que eles pagaram ao banco e o que receberão ao cobrar esses recebíveis/dívidas no futuro”, detalhou.
Segundo a economista, no caso da operação realizada pelo BB com o BTG Pactual, “não fica claro se o valor da carteira cedida de R$ 2,9 bilhões é justo, pois o BB não explica qual o tipo da carteira e menciona somente que ela é “majoritariamente em perdas”, não havendo transparência na operação”.
Diante desses fatos, os parlamentares afirmam que a transação gerou “graves prejuízos econômicos para Banco do Brasil, que é sociedade de economia mista controlada pela União, bem como a possibilidade de ação dolosa e premeditada – um conluio, na verdade – entre a Presidência do Banco do Brasil e um grupo econômico privado para lesar o patrimônio do Banco do Brasil”.
Os autores finalizam a ação pedindo que o Ministério Público Federal investigue e determine a suspensão imediata da referida transação comercial, com a apuração das devidas responsabilidades civis e criminais de todos os envolvidos.
Fonte: Contraf-CUT, com PT na Câmara