Coletivo de Saúde debate o combate às metas abusivas

Membros do Coletivo de Saúde da Fetrafi/RS voltaram a se reunir na última sexta-feira (16/06) para debater os fatores que impactam a saúde dos bancários e das bancárias e definir estratégias para conter o adoecimento no ambiente de trabalho. O encontro, do qual participaram representantes sindicais de todo o estado, foi coordenado pela diretora de Saúde da Fetrafi-RS, Raquel Gil de Oliveira; pelo diretor de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles; e pelos assessoes da Fetrafi-RS Jaceia Netz e André Guerra. 

Em um primeiro momento, foi feita a avaliação da 1ª Conferência Intersetorial sobre Saúde e Trabalho Bancário, que aconteceu em abril. De acordo com os relatos, o retorno da base foi positivo, especialmente no que se refere à saúde mental, tema delicado e complexo. “Antes do atendimento médico é preciso construirmos um espaço adequado de acolhimento, que encoraje as pessoas a falarem do que estão sofrendo no ambiente de trabalho. Nesse sentido, as ações do Coletivo de Saúde são extremamente importantes”, pontuou Raquel Gil, diretora de Saúde da Fetrafi-RS. 

A Conferência, realizada pela Fetrafi-RS, foi uma das ações da campanha nacional “Menos Metas, Mais Saúde”, lançada pela Contraf-CUT em 2023, que visa conscientizar a categoria bancária e a sociedade como um todo sobre o adoecimento crônico devido à imposição de metas abusivas, por parte dos Bancos, aos trabalhadores (as) do ramo financeiro. “Esse debate tem resultado em um diálogo mais aberto. A gente observa que as pessoas estão falando mais sobre o adoecimento no trabalho”, avaliou a diretora de Formação da Fetrafi-RS, Ana Furquim.

André Guerra ressaltou que é “preciso resignificar a ideia e o conceito de saúde”, porque na maioria das vezes as pessoas só procuram atendimento quando já estão doentes e, na verdade, o ideal é fazer um trabalho preventivo para evitar o adoecimento. Ele falou ainda sobre a “medicalização” entre a categoria, que vem crescendo ano após ano, pois para suportar a pressão das chefias, muitos (as) bancários (as) fazem uso contínuo de antidepressivos e ansiolíticos. 

Entender de forma minuciosa o mecanismo adoecedor para em seguida traçar estratégias de trabalho foi a sugestão de Mauro Salles, da Contraf-CUT. Para ele, não basta trabalhar no sentido de conscientizar gestores porque o gestor também é pressionado pela superintendência. “Temos que divulgar mais os canais de denúncia e estimular o desabafo através do ‘Bora Coversar’, porque os colegas precisam saber o quanto a pressão por metas afeta suas vidas. Dados do INSS atestam que bancários adoecem mais e se matam mais”, disse Salles.

Jaceia Netz sugeriu que sejam feitos encontros regionais do Coletivo de Saúde para debater o adoecimento no trabalho em todo o estado. “Esses espaços de debate são muito importantes para que as pessoas se sintam mais abertas e possam socializar relatos delas ou de colegas. Isso nos dá elementos para entender melhor o mecanismo adoecedor e a partir daí definirmos as ações necessárias”, observou.

CCT comentada e GTs

Após o debate sobre saúde do trabalhador, Raquel Gil falou sobre um projeto da Fetrafi-RS que visa tornar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) mais fluída entre a categoria. “A ideia é trabalharmos com vídeos curtos e uma Cartilha, que tragam informações bem pontuais dos direitos conquistados por bancários e bancárias ao longo da história”. Para tal, foi solicitado durante a reunião do Coletivo de Saúde que quem quiser gravar um vídeo, de 90 segundos no máximo, sobre um ponto da CCT que conheça muito bem, pode fazê-lo e enviar à Fetrafi-RS.

Também ficou combinado que serão formados Grupos de Trabalho (GTs) para que todos e todas possam atuar na condução dos trabalhos do Coletivo. Em princípio ficou sugerido dois grupos: Comunicação, que irá cuidar da divulgação das ações; e Jurídico, que fará os levantamentos dos casos de adoecimento e a relação com a lei. 

A próxima reunião do Coletivo de Saúde ficou agendada para 14/07, 14h, precedendo a abertura do Congresso da Fetrafi-RS. 

Texto: Maricélia Pinheiro/Verdeperto Comunicação

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