Atos pelo “Fora Bolsonaro” chegaram a mais de 200 cidades e 14 países

As manifestações pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro ocorrem em 213 cidade brasileiras, dos 26 estados e do Distrito Federal, e 14 no mundo. Um balanço divulgado, no final do dia, pelos organizadores, estimou em 420 mil o número de pessoas que protestaram contra o descaso que já matou 461mil pessoas, contra a falta de vacinas para combater a Covid-19, a fome, o desemprego, os ataques aos indígenas, aos negros e ao meio ambiente.

“Se o povo vai às ruas protestar em plena pandemia, é porque o governo e mais perigoso que o próprio vírus”, explicavam cartazes empunhados nos quatro cantos do Brasil. Quem não pode estar nas ruas, diante do receio da ser contaminado pelo coronavírus que assola as pessoas, há mais de um ano, inundou as redes sociais da insatisfação com o governo omisso de Bolsonaro. A #29MForaBolsonaro contou com 202 mil participações apenas no Twitter, 1.828.048 postagens e 841 mil retuítes. No fim da tarde e no começo da noite, panelaços foram ouvidos em diversas cidades país afora.

O analista de dados Pedro Barciela aponta que a repercussão foi plural e obteve alto engajamento. “Essa diversidade presente hoje no campo antibolsonarista é o que permite que cada vez mais ele sensibilize outros usuários, converse com outros atores e interfira no debate público. A ideia aqui não é ‘furar a bolha’, mas sim dialogar com o maior número de bolhas possível”, tuitou.

Mobilização unificada

A mobilização do #29M contou com a participação de partidos de esquerda, sindicatos, entidades estudantis, quilombolas, indígenas, movimentos de trabalhadores do campo e entidades de torcidas. A avaliação é de que foi a maior mobilização nacional unificada desde 2017, durante os atos contra o ex-presidente Michel Temer. 

Em Brasília (DF), mais de 2 mil manifestantes seguiram em passeata pela Esplanada dos Ministérios ainda pela manhã.  Em Belo Horizonte (MG), 18 mil pessoas participaram da mobilização. Em São Paulo (SP), o ato se concentrou na Avenida Paulista, no turno da tarde, e reuniu entre 80 e 100 mil pessoas, de acordo com os cálculos feitos pela organização do ato.

No Rio de Janeiro (RJ), o ato se concentrou na Avenida Presidente Vargas e reuniu uma multidão. Houve distribuição de 2 mil máscaras e álcool. Em diversos momentos, as lideranças relembravam a importância do distanciamento social.

No Sul do país, em Porto Alegre (RS), os atos se concentraram na parte da tarde e reuniram mais de 30 mil pessoas na capital gaúcha. Em Curitiba (PR), os manifestantes se concentraram na praça Santos Andrade e seguiram pelas ruas centrais da cidade. Ao todo, mais cinco mil pessoas participaram da mobilização.

No Ceará, houve mobilização em Fortaleza e também no interior, na cidade de Juazeiro do Norte. Na capital, os manifestantes se organizaram no período da tarde, na praça da Gentilândia e seguiram até a praça da Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Eles distribuíram kits de prevenção ao coronavírus, com máscaras PFF2 e álcool. Em Juazeiro do Norte, o ato foi pela manhã e foi dispersado poucas horas após o início por uma ação da Guarda Municipal e do Polícia Militar do Ceará.

Em Porto Velho (RO), uma carreata cortou a cidade entre a Zona Sul e Zona Norte. Já em Belém, no Pará , cerca de 3 mil pessoas ocuparam as ruas da cidade. A concentração foi na praça da República e depois o ato seguiu até o Largo de São Brás. 

Fechou com chave de ouro

O ato em São Paulo foi o maior do país, com mais de 80 mil pessoas nas ruas. Da concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), por volta das 16h, os manifestantes marcharam pela Rua da Consolação e seguiram sentido à Praça Roosevelt, às 18h. Gritos, cartazes, bandeiras, adesivos pediam o impeachment de Jair Bolsonaro, a compra de mais vacinas e a ampliação do auxílio emergencial. Capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte também acabaram se surpreendendo com manifestações próximas de superar 10 mil participantes.

Antes do ato, o vão-livre do Masp estava fechado pela Polícia Militar de São Paulo, mas foi aberto pelos manifestantes, após uma forte chuva cair na Avenida Paulista. Totalmente pacífico, o protesto foi acompanhado pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).

A manifestação foi organizada pela Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, em conjunto das organizações estudantis, centrais sindicais e outros coletivos independentes. Ao longo do ato, representantes de partidos e movimentos sociais – como a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MTST), Guilherme Boulos – discursaram contra o governo Bolsonaro.

Responsabilidade

Diferente das manifestações pró-Bolsonaro, em que o uso de máscara não é respeitado, nos atos do #29MForaBolsonaro, Brasil afora, elas estavam em todos os rostos. Em algumas cidades, como em São Paulo, a UNE e o MTST organizaram tendas de distribuição de máscaras PFF2, álcool em gel. Também ofereciam instruções para evitar contaminações no protesto. Os organizadores instruíam as pessoas a trocar máscaras de pano por modelos mais seguros, como a PFF2.

Fotos de Giorgia Prates (Curitiba), Ricardo Stuckert (Brasília), Mídia Ninja (São Paulo), Luiz Damasceno (Porto Alegre) e Pedro Rocha (Rio) – Divulgação

Fontes: Rede Brasil Atual e Brasil de Fato, com edição SEEB Pelotas e Região

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