Pesquisadores da UFPel analisam política externa do governo Bolsonaro

Brasil rompe com pluralismo e visa, exclusivamente, atender os interesses comerciais, políticos e militares dos Estados Unidos

Em entrevista ao programa Contraponto, da RádioCom 104.5 FM, o professor do curso de relações internacionais, da UFPel, Fábio Duval, analisou a atual situação da política externa brasileira. Duval esteve acompanhado do analista internacional, Cícero Cruz, e do estudante de Relações Internacionais, Pedro Martins. Na oportunidade, os pesquisadores esclareceram questões importantes, que passaram a ser discutidas pela ocasião da visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, em março deste ano.

“A maneira como o mundo lida com o poder dos EUA é um grande problema. Desde o fim da segunda guerra, o país desempenha um papel de ator hegemônico no cenário internacional”, avalia Duval. Conforme explica o professor, existe uma subserviência do Brasil à política externa americana. “A parceria privilegiada, que o Brasil acredita ter com os Estados Unidos, é uma falácia, já que o nosso país não recebe nada em troca”, critica.

Para ilustrar a avaliação de Duval, o analista Cícero Cruz lembra que existem áreas em que o governo brasileiro tem procurado agir com mais cautela. “Isso mostra que nem o governo sabe claramente o rumo que a situação irá tomar”, complementa.

Base de Alcântara

Um dos pontos principais da entrevista concedida pelos pesquisadores da UFPel à RádioCom diz respeito ao acordo do Brasil, com os EUA, sobre a base de Alcântara. A situação é sensível e, como confirma o estudante Pedro Martins, representa um risco à soberania nacional. “Com o acordo de Alcântara, os Estados Unidos alcançam uma posição estratégica dentro da América Latina, principalmente devido à crise na Venezuela”, ressalta. Além disso, Martins chama a atenção para o fato de que o local se torna uma posição privilegiada para o lançamento de foguetes e, também, para o monitoramento da parte ocidental da África. “No momento em que os EUA controlam as regras, não é muito difícil esta base acabar se tornando uma base militar”, explica .

Falta pluralidade

Passados os 100 primeiros dias de governo, a avaliação dos pesquisadores com relação à política externa adotada pelo Brasil, até o momento, é preocupante. Duval recorda que o país sempre teve uma diplomacia pluralista – e pragmática -, para projetar o desenvolvimento nacional. No entanto, é consenso entre os pesquisadores que esta característica do governo brasileiro tem sido deixada de lado, gerando preocupações quanto ao futuro das relações internacionais. “Atualmente, o que está acontecendo, em nosso país, é um estreitamento do pluralismo, pois estamos rompendo com essa tradição, unilateralmente, sem receber nada em troca”, aponta Duval. As recentes visitas de Bolsonaro aos EUA e a Israel tem priorizado um discurso de ódio contra todas as forças progressistas de esquerda, na mesma linha do que foi feito no período de campanha, abandonando parceiros estratégicos da América Latina e da África, em nome de um projeto político que visa apenas atender aos interesses dos Estados Unidos, mesmo que isso coloque em risco a soberania nacional.

Imprensa Seeb Pelotas

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