Pesquisa mostra que eleitor não confia mais em Sartori

Sergio Araujo (*)

 

Credibilidade é um patrimônio da personalidade pública que não tem sobrevida. Perdeu, tá morto. Se é assim na vida cotidiana, imagine na política? Ainda mais nessa fase de descrédito da política brasileira. Digo isso inspirado na pesquisa Methodus/Correio do Povo para governador, recentemente divulgada. Nela, sem deixar nenhuma dúvida, constata-se que o ambicionado milagre da reeleição de Sartori está definitivamente enterrado.

A começar pela brutal queda observada na comparação com a pesquisa Paraná, publicada no dia 12 de junho. Nela, Sartori aparecia em primeiro lugar (estimulada) com 28,3%, quase três vezes menos (10,8%) do que foi constatado pela Methodus/CP, num período de pouco mais de duas semanas.

E para assombrar ainda mais as pretensões emedebistas, a repentina queda nas pesquisas acontece justamente no momento em que Sartori começa a se manifestar publicamente como pré-candidato, inaugura e inicia obras e investe pesado em propaganda governamental nos veículos de comunicação.

Isso sem contar com a inédita complacência da grande imprensa, que há 42 meses se satisfaz com a desculpa única da falta de recursos para justificar a estagnação econômica e social do Rio Grande do Sul.

Mas o novo cenário das pesquisas não é de todo divergente. Pelo menos no quesito rejeição. Na pesquisa Paraná, na avaliação da administração sartoriana, o índice de desaprovação foi de 55,8%, sem contar com os 4,5% que se disseram na dúvida. Já na pesquisa Methodus, no critério rejeição, Sartori desponta com 47,7%, o dobro do segundo colocado.

Mas a pá de cal na esperança de reeleição do governador foi dada pelo levantamento das intenções de voto para o segundo turno. Nele, Sartori perde para todos os seus principais adversários, respectivamente, Jairo Jorge (PDT), Miguel Rossetto (PT), Eduardo Leite (PSDB) e Luis Carlos Heinze (PP).

Mas o que essa queda livre constatada pelas pesquisas tem a ver com credibilidade? Tudo. A começar pela disparidade entre os percentuais daqueles que confiaram o voto em Sartori no 2º turno da eleição de 2014 e o resultado projetado pela pesquisa Methodus.

Em 2014, Sartori foi eleito pelos 56,26% dos eleitores que compareceram às urnas. Já na referida pesquisa o seu melhor resultado (lembrando que ele foi derrotado em todos os cenários) na simulação de 2º turno foi de 29,7%. Ou seja, praticamente metade dos que votaram nele não pretendem repetir o voto. Isso representa perda de confiança.

Totalmente desconectado com a realidade da população, Sartori insiste na desvalorização do serviço público e dos trabalhadores do setor. A estratégia eleitoreira de tentar enfiar goela abaixo, praticamente as vésperas da eleição, um plebiscito para se desfazer de estatais é um exemplo do que o MDB é capaz de fazer para tentar se manter no poder.

Da mesma forma, realizar o pior de todos os parcelamentos salariais em junho, empurrando o último repasse para o final de julho, há três meses da eleição, é desdenhar para o sofrimento do funcionalismo. Nesse aspecto, o governador não só perdeu credibilidade como arranjou milhares de cabos eleitorais às avessas, que farão de tudo para impedir a sua reeleição.

Outra perda, travestida de inconfiabilidade foi o afastamento de diversos parceiros da base aliada (PSDB, PP, PPS e outros), que ou preferiram disputar a eleição com candidatura própria ou preferiram se coligar com outros candidatos.

Diante de um cenário de insatisfação generalizada, desde o simples cidadão até o antigo companheiro de governo, não há como contestar o resultado das pesquisas realizadas e das que ainda virão, com todo certeza, mostrando o declínio da popularidade daquele que um dia ousou ser chamado de “Sartorão das Massas”.

Foto: Joana Berwanger/Sul21

(*) Jornalista

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