Denúncia de fraude nos exames de pré-câncer segue sem respostas

Após seis meses, Movimento pela Vida das Mulheres denuncia que não obteve nenhum retorno por parte da Prefeitura de Pelotas

Em julho de 2018 uma grave denúncia chegou ao conhecimento público: enfermeiras da rede pública municipal de Pelotas afirmaram que os exames citopatológicos das pacientes da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Bom Jesus estariam sendo analisadas por amostragem. A suspeita de fraude nos exames de pré-câncer foi denunciada em reportagem publicada por um jornal local, mas ganhou repercussão ainda maior após ficar comprovado que em outras unidades básicas teriam sido encontrados os mesmos problemas, já que uma das vítimas seria usuária da UBS do Barro Duro.

No dia 12 de janeiro, deste ano, as denúncias completaram seis meses, mas, até agora, nenhuma resposta foi dada. As investigações, conforme noticiado à época, estavam à cargo tanto do Ministério Público do Rio Grande do Sul, da Polícia Federa e da Prefeitura de Pelotas. A expectativa era de que, ao menos, a Prefeitura pudesse modificar a rotina da Secretaria Municipal de Saúde, sobretudo, no que diz respeito ao recebimento de comunicados dos servidores, nas unidades básicas, sempre que perceberem alguma situação estranha.

Omissão do Poder Público

 

No dia 9 de novembro, de 2018, em audiência realizada junto ao Movimento pela Vida das Mulheres, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) comunicou que a Prefeitura ainda não havia concluído a sindicância, mas se comprometia em “perseguir a verdade”, pois, segundo ela, “seria a maior interessada em que tudo fosse esclarecido”.

Discurso que não condiz com a realidade, conforme critica a jornalista Niara de Oliveira, que é uma das organizadoras do Movimento pela Vida das Mulheres. “Passaram-se seis meses e nem mesmo a sindicância, que é um procedimento administrativo, interno, foi concluído”, enfatiza. O silêncio, por parte do governo Paula, infelizmente, contrasta com as três mortes que ocorreram do momento da denúncia até o início deste ano. Uma das vítimas foi a dona de casa, Ieda de Ávila, de 51 anos, que esteve engajada na defesa da sua própria vida desde que foi diagnosticada com um câncer de colo de útero, mesmo após realizar o exame preventivo na rede pública do município de Pelotas.

“A prefeita Paula sequer lamentou, publicamente, a morte da dona Ieda. Nem ao menos se solidarizou com a família desta senhora. Como se o governo não tivesse nenhuma responsabilidade, sendo que a Prefeitura de Pelotas é a gestora da saúde pública municipal”, enfatiza Niara. A jornalista e ativista na defesa dos direitos da mulheres se diz perplexa com a falta de reconhecimento do erro e a total omissão do poder público diante de um sério problema de saúde pública no município. “Nós, enquanto mulheres, estamos nos sentindo ‘um nada‘. O que fica, para a gente, é que a vida das mulheres, em Pelotas, não vale absolutamente nada”, lamenta.

Fonte: RádioCom

Foto: José Luís Costa / Agencia RBS

 

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