Nick Pastorini, filho de bancário do BB, lança livro “Sentir Fora da Caixa”

No último sábado (13), na livraria Feito de Letras, ocorreu o lançamento oficial de “Sentir Fora da Caixa”, escrito por Nick Pastorini, filho do bancário Daniel Torres, do Banco do Brasil, e publicado pela editora Maralheios. Em seu livro de estreia, o autor de 18 anos reúne poesias que exploram suas experiências como pessoa autista, transgênero e não binária, criando uma obra que é tanto um refúgio pessoal quanto um manifesto de resistência. Dividido em quatro partes, intituladas “Sob o Olhar Divergente”, “Vazamentos Poéticos”, “TRANSformações” e “Acrósticos”, o livro navega por temas como neurodivergência, identidade de gênero e a força da escrita como forma de libertação.

Em entrevista ao Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região em maio de 2025, período em que estava acontecendo a campanha de financiamento coletivo, que possibilitou a publicação da obra, o autor falou sobre a dificuldade de expressar pensamentos e como a escrita se tornou uma saída. “Inicialmente, começou somente como uma válvula de escape. Uma forma de libertar os sentimentos angustiantes. Depois, comecei a escrever de forma consciente sobre sentimentos que muitas vezes temos dificuldade de expressar de forma oral”, explica Nick. A transição entre a escrita como desabafo e como arte consciente revela um amadurecimento criativo, transformando dores pessoais em versos que ecoam experiências coletivas.

O autor é uma pessoa com deficiência devido a paralisia cerebral e teve um diagnóstico tardio de autismo, o que trouxe desafios, mas também uma nova perspectiva sobre sua própria história. “Inicialmente, houve uma espécie de processo de luto, já que o diagnóstico tardio fez com que eu passasse muitos anos sem entender as minhas diferenças. Com o passar do tempo, percebi que poderia usar a escrita para dar voz à comunidade autista. Pessoas neurodivergentes muitas vezes são invisibilizadas, e vejo a escrita como uma forma de empoderamento”, declara.

“Eu espero que as pessoas neurodivergentes e LGBTQIA+ sintam acolhimento ao ler meu livro. Quero que essas pessoas não se sintam mais sozinhas. Além disso, saibam que suas vivências são válidas e não podem ser discriminadas. Já para aqueles que não possuem vivências semelhantes, espero que o livro desperte empatia. Quero que essas pessoas percebam que, apesar das diferenças, continuamos sendo humanos e precisamos ter nossos direitos respeitados”, argumenta o escritor.

Para quem busca na escrita uma forma de compreender suas próprias emoções e identidade, Nick aconselha: “A escrita é vasta em possibilidades, então não tenha medo de experimentar diversas formas até encontrar aquela que melhor expresse suas vivências. Alguns podem não compreender a mensagem de sua escrita, mas isso não torna suas produções ruins”, explica. “Lembre-se antes de tudo: são as suas próprias emoções e sua própria identidade. Por isso, seja gentil e não se cobre tanto”, complementa.

Além da poesia, Nick também utiliza o desenho como linguagem artística. O artista foi o responsável pelas ilustrações no início de cada seção do livro, além do desenho da capa. “O desenho foi a minha primeira forma de expressão. Porém, chegou um momento em que somente o desenho não bastava, então comecei a escrever. Hoje, utilizo as duas formas em conjunto”, finaliza.

Acompanhe

Para acompanhar o trabalho de Nick Pastorni, siga o perfil @nick_sketchbook_ no Instagram. Em breve o livro estará disponível para compra no site da Editora Maralheios.

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