Defender os bancos públicos e a soberania é um compromisso inegociável com o povo brasileiro
Defender os bancos públicos e a soberania é um compromisso inegociável com o povo brasileiro
Durante a abertura solene conjunta do 40º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa; do 35º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil; do 30º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil; e 17º Congresso dos Funcionários do Banco da Amazônia, realizada na noite desta quinta-feira (21), em São Paulo, a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidente da CUT, Juvandia Moreira, fez um importante reforço à luta pela soberania nacional, ressaltando que o enfrentamento aos ataques dos Estados Unidos, por meio de Donald Trump, não depende só das ações do governo Lula, mas da unidade do movimento sindical bancário.
“Este é um momento de reafirmar essa unidade, que não é só dos bancários e das bancárias, é de toda a classe trabalhadora. Por isso, abrimos o nosso congresso reafirmando nosso compromisso inegociável com o povo brasileiro, na defesa dos bancos públicos, das empresas públicas, na defesa da Democracia, na defesa de nossa soberania”, continuou a dirigente.
Juvandia observou ainda a importância de não esquecer da história recente, diante da luta que a classe trabalhadora precisa travar no agora. “Vivemos um golpe que resultou no impeachment da presidenta Dilma, vivemos um governo fascista, resultado desse golpe. E, a partir disso, sofremos reformas trabalhistas, ataques aos direitos da classe trabalhadora, com a terceirização irrestrita, pjotização, que resultaram no enfraquecimento da previdência pública, além da própria reforma que a previdência sofreu. Perdemos ainda patrimônio público, com vendas de BR Distribuidora, Eletrobras, Sabesp (com prejuízo de R$ 4 bilhões)”, resumiu a dirigente.
Juvandia observou que o tema escolhido para os congressos e a conferência, relacionado ao futuro, não foi por acaso. “Estamos em um momento decisivo, não à toa escolhemos falar de futuro, porque o futuro é o que estamos fazendo agora”.
Assim, Juvandia prosseguiu ressaltando o papel da categoria para a reeleição de Lula em 2026, como um fator necessário para hoje e para o futuro. “O que seria do Brasil, agora, com os ataques de Trump, se não tivéssemos Lula como presidente?”, refletiu.
A presidenta a Contraf-CUT também reforçou a importância de a categoria continuar fortalecendo as pautas pela reforma tributária, para que os super ricos, com renda superior a R$ 50 mil por mês, paguem mais impostos, tirando a sobrecarga da população. “Por isso, vamos seguir ampliando a divulgação do Plebiscito Popular. Se depender de boa parte do congresso, eles não vão impedir a cobrança do andar de cima. Não trabalham, como deveriam, para a população que os elegeu, mas para o mercado, o mesmo que diz que o governo é gastão, porque investe em políticas sociais. Mas isso não é ser um Estado gastão. O que o mercado não fala é que o Brasil já abriu mão de R$ 800 bilhões de reais [com juros do título da dívida pública, por causa da elevada Selic], dinheiro que daria para fazer vários bolsas famílias, resolver a saúde pública e a educação, acabar com a miséria no Brasil”, pontuou Juvandia.
A presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, deu as boas-vindas aos participantes e ressaltou a importância da luta pela soberania neste momento que o país atravessa. “É muito significativo estar aqui ao lado de pessoas dispostas a lutar em defesa da nossa soberania e pela manutenção da democracia. Vivemos um período muito difícil, sob ataque de uma nação imperialista. A defesa da soberania nacional estará no centro dos debates da categoria bancária nos congressos dos bancos públicos e na Conferência Nacional. Lutamos por um Brasil mais justo e por um sistema financeiro mais inclusivo. Que tenhamos uma excelente conferência!”
Defender bancos e empresas públicas é defender o Brasil
“Há 40 anos, realizávamos o 1º Conecef, quando os trabalhadores da Caixa deliberaram por uma paralisação de 24 horas. A greve, que aconteceu 10 dias depois, paralisou unidades da Caixa de todo o país. Foi por causa dessa greve que conquistamos a jornada das seis horas, o direito à sindicalização e o reconhecimento como bancários”, relembrou o presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica Federal, Sérgio Takemoto. “Foi nessa época que entendemos que o único caminho para conquistar nossos direitos era a unidade da categoria. E a história demonstrou que estávamos corretos. Graças à unidade que conseguimos manter a Caixa pública e vamos precisar dessa união hoje também para defender a Caixa, nossos direitos, nossa previdência e nosso plano de saúde. A categoria bancária, não somente os empregados da Caixa, espera que a gente saia daqui fortes para, em 2026, defender a democracia e um país mais justo e solidário. Teremos grandes desafios na votação do próximo ano. Sem Lula, não teremos democracia, nem um país livre e soberano. Temos de estar unidos para defender nosso país e nossos direitos”, reforçou.
Cibele Vieira, secretária de Administração e Finanças da Federação Única dos Petroleiros (FUP), elencou os desafios e os temas que bancários e petroleiros têm em comum: “Primeiro, no combate à hegemonia norte-americana na nova ordem mundial, seja com a defesa da não comercialização do petróleo somente em dólares, seja a necessidade de um outro sistema de transferências que não o Swift, para garantir a soberania nacional de todos os países”. Para ela, no cenário nacional, está em disputar o projeto de País que queremos. “Por isso, bancários e petroleiros se somam no combate à privatização e pelo fortalecimento do Estado. Nossas categorias se conversam e o pano de fundo é a disputa do fruto do nosso trabalho. O aumento da produtividade tem que servir para a qualidade de vida das pessoas e não para gerar riqueza para poucos”, pontuou. “Por fim, outro ponto que nos une é a defesa dos nossos direitos, sobretudo da previdência e dos planos de saúde. É preciso lembrar: defender as estatais é defender o Brasil!”, concluiu Cibele.
Fernanda Lopes, coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), enfatizou a importância da defesa dos bancos públicos e da resistência aos ataques sofridos pelo BB. “Quando atacam o Banco do Brasil, não estão atacando apenas a gestão, mas o governo e a população, pois o BB é uma ferramenta de fomento social. Também é preciso lembrar do ataque à Previ. A direita questiona a capacidade dos trabalhadores de ocupar esses espaços, mas nós somos totalmente capacitados para cuidar do nosso dinheiro. Fico muito feliz em chegar aqui e ver que a unidade resiste. Podem continuar nos atacando, mas estaremos sempre juntos, resistindo, por nós e por toda a classe trabalhadora. Eu tenho certeza de que sairemos muito melhor do que chegamos hoje.”
O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Felipe Pacheco, observou que a Caixa é um instrumento essencial para a redução da desigualdade e a promoção das políticas públicas. “Os empregados têm orgulho de trabalhar na Caixa, para atender bem quem mais precisa”, disse. Ele assinalou também que existem lutas a serem travadas no banco: “Uma delas é impedir os aumentos das mensalidades do Saúde Caixa e de melhoria da rede de atendimento do plano de saúde. E a gente precisa e conta com a ajuda de todos vocês nesta luta.” Pacheco ainda mencionou a digitalização da Caixa, que tem provocado fechamento de agências e reestruturação de funções: “E a gente está trabalhando para reduzir os impactos sobre os trabalhadores e neste ponto também precisamos de todos aqui presentes, mesmo de quem é de outros bancos, pois a Caixa é o banco do povo brasileiro e é muito importante para construirmos o Brasil que queremos”, concluiu.
Durante sua participação, Robson Araújo, coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do Banco do Nordeste (BNB), recordou os debates realizados no último Congresso do BNB, nos dias 15 e 16 de agosto. Ele comentou que o encontro não se limitou a questões corporativas, mostrando que também abordou o cenário político nacional. “Além de discutir temas fundamentais para os funcionários do banco, refletimos sobre o momento político que vivemos, marcado por pressões externas e ataques à nossa soberania. Reforçamos a necessidade de enfrentar as intervenções norte-americanas que mantêm nosso país subdesenvolvido, e debatemos a importância das eleições de 2026 para garantir a reeleição do presidente Lula, além do valor do plebiscito popular como instrumento de mobilização essencial para melhorar a correlação de forças no Congresso Nacional.”
Cristiano Moreno Valente dos Santos, coordenador da Comissão de Negociação dos Empregados do Banco da Amazônia (BASA), destacou a relevância do banco público na defesa da pauta ambiental. “Nós vivemos sob ataques, assim como todos os demais bancos públicos federais, que ameaçam nossos planos de saúde, nossas caixas de previdência, o quadro de empregados, com as diversas reestruturações. O poder de compra dos empregados está cada vez mais achatado. Mas, mesmo diante disso, os empregados seguem abnegados e defendendo os pequenos produtores, o sistema agroflorestal e a transição justa”, observou. Em seguida, convidou todos os presentes, “em nome do povo de Belém, do Pará e da população amazônica”, a participarem da COP30 (30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas), “onde debateremos uma pauta tão preciosa e da qual depende as nossas futuras gerações, que é o meio ambiente”.
Todos juntos da defesa do Brasil soberano
“Muito já falaram sobre os desafios e as lutas que temos nos próximos dias, por conta do cenário internacional e da crise do capitalismo. A ganância do capitalismo parte sempre para cima dos mais fracos, seja em relação ao capital humano, com as guerras, seja na interferência do imperialismo norte-americano, com ataques à nossa soberania, seja com ataques às instituições que deveriam atuar pelo interesse coletivo, no caso os bancos públicos. Essas importantes instituições financeiras, em momentos como esses, são atacadas de diversas formas. Durante estes dias de Congresso, temos a missão de debater qual o papel atual dos bancos públicos, como vamos defender os bancários dessas instituições públicas e como será a defesa de toda a classe trabalhadora no cenário atual”, alertou Rodrigo Lopes Britto, presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec Centro-Norte) e representante da corrente política Articulação Bancária.
O diretor de Imprensa e Comunicação da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Emanoel Souza de Jesus, apontou os desafios impostos à classe trabalhadora na conjuntura atual. “Vivemos um momento de mudanças tecnológicas profundas, em que as big techs se tornaram instrumentos de dominação ideológica. E nós precisamos fazer esse enfrentamento.” Ele elencou ainda outros temas centrais para a categoria, como a reestruturação do Sistema Financeiro Nacional (SFN), a necessidade de uma reforma tributária progressiva, o fim da escala 6×1 e o debate sobre a escala 4×3, além da saúde dos bancários. Ao tratar da conjuntura internacional, alertou: “Estamos diante de uma grande crise do capitalismo e, se não houver intervenção, o que virá depois será a barbárie, como o genocídio que acontece em Gaza.” Por fim, defendeu a unidade internacional da classe trabalhadora: “Para enfrentar todas essas questões, a luta não poderá ser apenas nacional. É preciso que os proletários de todo o mundo se unam. Sabemos das dificuldades, mas temos convicção de que os trabalhadores têm capacidade de superá-las.”
Tatiana Oliveira, presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará e representante da corrente política CSD, pontuou na abertura do Congresso dos Bancos Públicos que este é um momento de muitos desafios, especialmente relacionados à saúde dos trabalhadores, às condições de trabalho e ao papel social das instituições financeiras, que muitas vezes deixam de cumprir sua função principal. “Precisamos colocar essas questões como fundamentais, mas sem cair em um debate restrito a pautas corporativas. É necessário dialogar com a categoria e com a sociedade, porque, como classe trabalhadora, somos obrigados a enfrentar inimigos poderosos, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Por isso, eleger Lula é uma tarefa essencial para a classe trabalhadora. Esses espaços de debate são fundamentais, e não podemos aceitar a narrativa de que o movimento sindical não deve discutir política. Pode e deve discutir, sim.”
A secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, representante da Intersindical e bancária da Caixa Econômica Federal, Rita Lima, garantiu que a categoria bancária é exemplar nos debates que trazem avanços para a classe trabalhadora. “Estamos em um momento de grande crise política, marcada pelo avanço da disputa imperialista dos Estados Unidos, que atua numa ofensiva inclusive contra o Brasil, usando a economia como arma para retomar sua dominação”, observou. Ela também enfatizou as pautas em curso: “Estamos com o Plebiscito Popular nas ruas para exigir o fim da escola 6×1 e a taxação dos super-ricos. Avançamos ao sair do mapa da fome e ao reduzir o desemprego, mas precisamos de emprego decente e de muitas outras conquistas. Seguimos na luta contra o genocídio na Faixa de Gaza, contra o bloqueio a Cuba e pela integração da nossa Pátria Grande latino-americana. É urgente derrubar as taxas de juros e fortalecer os bancos públicos para o desenvolvimento do país. Defender os bancos públicos é defender nossa soberania. E soberania não se vende.”
Maria Aparecida da Silva, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região e representante da corrente política Unidade, reforçou a importância da defesa dos bancos públicos e da igualdade de direitos para todos os trabalhadores do setor. “Reafirmamos nossa histórica bandeira de luta em defesa dos bancos públicos e seguimos firmes na luta pelos direitos de todos os bancários oriundos de instituições incorporadas pelo Banco do Brasil, principalmente do BESC, que mesmo após 16 anos de integração ainda não possuem os mesmos direitos dos funcionários do BB.”
Danilo Funke Leme, diretor para os Bancos Federais da Fetraf-RJ/ES e representante da corrente política Fórum, afirmou que o atual momento político é decisivo, inclusive para o Banco do Brasil. “Fui contemporâneo de Direito na mesma faculdade do foragido que está agora nos Estados Unidos [Eduardo Bolsonaro], que chegou a dizer que o Banco do Brasil pode falir a depender das forças dele. Só no BB somos 87 mil trabalhadoras e trabalhadores, além de tantos outros nos demais bancos públicos. Precisamos ser agentes politizadores, disputar a consciência dos colegas e fortalecer a luta de classe. É fundamental que este congresso resulte em propostas efetivas para cobrar dos bancos públicos a valorização e a garantia de saúde dos trabalhadores. Que daqui saiam soluções concretas para manter empregos e fazer política para que o Brasil siga no caminho certo.”
Fonte: Contraf-CUT