Atenção redobrada: Pelotas registra aumento de casos graves de infecções respiratórias

A chegada do inverno em Pelotas intensificou a circulação de vírus respiratórios e trouxe uma preocupação adicional: o aumento no número de casos graves e a sobrecarga no sistema de saúde. Em entrevista ao programa Edição da Manhã, a médica pneumologista Carolina Lemos, do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, alertou para a gravidade do cenário e reforçou a importância de medidas de prevenção e vacinação.

Segundo a especialista, embora o aumento das doenças respiratórias nesta época do ano seja esperado, o que chama a atenção em 2025 é a severidade dos casos e a baixa cobertura vacinal entre a população. Carolina destacou que doenças como a gripe Influenza A, responsável hoje por 70% dos óbitos por síndrome gripal no Brasil, estão evoluindo com mais complicações do que em anos anteriores.

Casos mais graves e o risco da síndrome respiratória aguda

De acordo com Carolina Lemos, o inverno sempre favorece o aumento de quadros gripais e resfriados, mas a situação atual vai além da sazonalidade comum. A pneumologista relatou que, além de um maior número de casos, as formas mais graves de infecção têm se tornado frequentes, com internações prolongadas e necessidade de cuidados intensivos.

O quadro mais preocupante é a síndrome respiratória aguda grave, complicação que provoca inflamação e encharcamento dos pulmões, dificultando a troca de oxigênio e exigindo suporte hospitalar. “A gente perde muito da capacidade ventilatória”, explicou. Sinais como falta de ar intensa, aumento da frequência respiratória e queda da saturação de oxigênio são alertas para buscar atendimento médico imediato.

Carolina destacou que a detecção precoce é essencial para evitar agravamentos. “É importante não esperar demais. Se os sintomas estão fugindo do padrão comum de uma gripe e o paciente apresenta persistência da febre ou aumento do cansaço e da falta de ar, é hora de procurar avaliação médica”, afirmou.

Prevenção e vacinação: a melhor defesa contra complicações

As orientações para prevenir a disseminação de vírus respiratórios continuam sendo as mesmas aprendidas na pandemia: uso de álcool gel, higienização frequente das mãos, máscara em caso de sintomas e ambientes bem ventilados. “Se está gripado, é fundamental evitar contato com grupos de risco e usar máscara para proteger os outros”, recomendou a pneumologista.

Outro ponto essencial é a vacinação contra a gripe. Em Pelotas e no Rio Grande do Sul, a cobertura vacinal está abaixo do esperado, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. Dados preliminares indicam que grande parte dos óbitos recentes por síndrome gripal ocorreu em pessoas não vacinadas. “A vacina salva vidas. Ela pode não impedir todos os casos leves, mas reduz drasticamente as complicações graves e os óbitos”, frisou Carolina.

A médica enfatizou ainda que todas as pessoas acima de seis meses podem e devem ser imunizadas. “Vacina não causa gripe. Esses imunizantes são seguros e não contêm vírus vivos”, garantiu, desmistificando um dos receios mais comuns entre a população.

Informação contra o medo: a ciência como aliada

Questionada sobre como lidar com a resistência à vacinação, Carolina Lemos foi enfática: o combate às fake news é fundamental. “A ciência nos trouxe até aqui. Precisamos confiar nela e combater as informações falsas com dados sérios e transparentes”, destacou.

A pneumologista reforçou que é natural que as vacinas provoquem reações leves, como dor no corpo ou febre baixa, mas que os riscos são ínfimos frente aos benefícios. Ela lembrou ainda que o Brasil é referência mundial em programas de imunização pública, oferecendo vacinas gratuitas e seguras para toda a população. “Eu sou a primeira a tomar. Se tiver vacina, meu braço está sempre disponível”, afirmou com convicção.

Sobre a circulação de Covid-19, Carolina apontou que, embora ainda haja registros da doença, os casos mais graves neste momento estão associados principalmente ao vírus da gripe A. Mesmo assim, o cuidado deve ser redobrado com todos os tipos de infecções respiratórias.

Entenda o que está acontecendo

Por que o aumento de casos?

O inverno favorece a propagação de vírus respiratórios, mas em 2025 os casos graves aumentaram, com destaque para a gripe Influenza A.

O que é a síndrome respiratória aguda grave?

É uma complicação que provoca inflamação intensa nos pulmões, levando à queda da oxigenação e risco de morte.

Quando procurar atendimento?

Persistência de febre alta, cansaço extremo, falta de ar intensa e baixa saturação são sinais para buscar auxílio médico imediato.

Como se proteger?

Higienizar as mãos, usar máscara em caso de sintomas, manter ambientes ventilados e, principalmente, vacinar-se contra a gripe.

A vacina é segura?

Sim. A vacina contra a gripe é segura, não contém vírus vivos e reduz drasticamente os riscos de complicações graves e óbitos.

*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.

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