Encontro Estadual da Caixa reforça luta por um Saúde Caixa amplo, acessível e solidário
Encontro Estadual da Caixa reforça luta por um Saúde Caixa amplo, acessível e solidário
Reunidos no último sábado (05), em formato virtual, empregados e empregadas da Caixa no Rio Grande do Sul debateram propostas para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Antes, foram feitas explanações detalhadas sobre o adoecimento no trabalho e sobre o Saúde Caixa, cujo princípio do pacto intergeracional está sendo ameaçado com as mudanças que se desenham.
“O Saúde Caixa é a nossa grande luta para 2025. Precisamos garantir a renovação sem reajuste, seguir lutando pelo fim do teto que limita a participação da Caixa e para que os colegas que entraram a partir de setembro de 2018 tenham direito ao plano de saúde quando se aposentarem”, pontuou Sabrina Muniz, diretora do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e representante do RS na CEE da Caixa. Na abertura do evento, Fabiana Uehara Proscholdt, representante dos(as) trabalhadores(as) no Conselho de Administração da Caixa, atualizou os(as) participantes sobre as questões em pauta no CA da Caixa.
Para o diretor do SindBancários de Porto Alegre e Região, Tiago Pedroso, o Encontro Estadual foi fundamental para ampliar a mobilização visando uma negociação positiva em relação ao ACT do Saúde Caixa. “O desafio é mobilizarmos novos empregados e os mais experientes, no nosso maior compromisso, que é o de garantir o Saúde Caixa na aposentadoria para os contratados após 2018. O momento é de defesa da Caixa 100% pública. Fora desta condição, não há perspectiva para termos saúde de autogestão, fundo de previdência, PCS e outros avanços conquistados na nossa luta histórica”, completou.
Pedroso falou ainda sobre a importância da participação da classe trabalhadora no Plebiscito Popular que trata do fim da escala 6×1; redução da jornada, sem redução salarial; isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil; e taxação dos super-ricos. E sobre o novo modelo de Agência Singular, sem previsão de porta de segurança, que coloca em risco a vida dos trabalhadores, prestadores de serviços e clientes.
Adoecimento no trabalho
Ao analisar dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), organizados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), sobre a prevalência de doenças relacionadas à saúde mental no ambiente de trabalho entre 2012 e 2024, o Dieese concluiu que os transtornos mentais e comportamentais passaram a ocupar lugar de destaque entre as principais causas de afastamento, superando doenças tradicionalmente associadas ao trabalho, como as osteomusculares e fraturas.
No setor bancário, o cenário é ainda mais preocupante: mais da metade (52%) dos(as) trabalhadores(as) afastados(as) por problemas de saúde, têm em seus prontuários uma CID relativa a doenças mentais e comportamentais. Em 2024, os afastamentos relacionados à saúde mental na Caixa Econômica Federal foram majoritariamente associados a três principais causas: transtornos ansiosos (43,5%); episódios depressivos (25,3%); reações ao stress grave e transtornos de adaptação (17,8%).
“A transformação nas relações de trabalho tem contribuído para a piora das condições de saúde mental. De maneira geral, observou-se como os afastamentos ligados às doenças mentais e comportamentais têm apresentado significativo aumento entre os empregados(as) da Caixa nos últimos anos, devido a um modelo de gestão baseado na cobrança pelo atingimento de metas abusivas e pelo acirramento das disputas e concorrência entre funcionários”, observou Hyollita Araújo, técnica do Dieese.
André Guerra, psicólogo do Departamento de Saúde do SindBancários de Porto Alegre e Região, falou sobre a importância de se entender a razão do adoecimento, para tentar agir de forma preventiva. Em artigo de sua autoria intitulado “A função antissocial dos bancos e o adoecimento generalizado da categoria”, o psicólogo mostra como o modus operandi do sistema financeiro é altamente adoecedor, tanto para o trabalhador dos bancos, quanto para a clientela. “O adoecimento generalizado da categoria bancária não é um acidente, mas um efeito colateral de um projeto gerencial que ignora completamente a dignidade dos trabalhadores”, afirma no artigo. André pediu ainda que os empregados da Caixa respondam à pesquisa sobre saúde da Fenae.
Saúde Caixa
Em sua apresentação, Leonardo Quadros, diretor da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e presidente da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal de São Paulo (Apcef/SP), traçou uma espécie de cronologia do déficit do Saúde Caixa, que começou em 2016, após a troca de governo e se acentuou em 2018, com a CGPAR 23 (2018), que limitou o investimento do governo nos planos de saúde dos empregados das estatais. De lá pra cá, segundo o sindicalista, o problema vem só aumentando e agora a direção da Caixa quer equilibrar as contas criando faixas de valores por idades, quebrando assim o chamado “pacto intergeracional”, que embasa os planos de saúde solidários.
Após as explanações, foram apresentadas e aprovadas as resoluções inscritas. O encontro estadual também aprovou: uma moção pelo rompimento das relações Brasil-Israel; o uso da lista das empresas do ACNUDH da ONU para controle do Risco Social e Ambiental na Caixa; e elegeu a delegação para o 40⁰ Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef).
“Também debatemos e tiramos propostas com relação à Funcef, Condições de Trabalho e Defesa da Caixa. Apesar de que, em 2025 teremos a renovação apenas do Saúde Caixa, o debate e as propostas ajudam a orientar a atuação da CEE Caixa”, pontuou Sabrina Muniz.
Fonte: Fetrafi-RS