Banrisulenses aprovam pauta de reivindicações

Os funcionários e as funcionárias do Banrisul aprovaram por aclamação a minuta da Pauta de Reivindicações da campanha salarial deste ano. O documento foi discutido no 30º Encontro Nacional dos(as) Banrisulenses, que ocorreu neste sábado, 2 de julho, pelo Zoom.

O movimento sindical negociará a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com reajuste salarial e gratificações, aumento dos vales refeição e alimentação, e a valorização dos Operadores de Negócios (ONs), além de convocação imediata de concurso público para a função de Escriturário, entre outras pautas. Parte destas reivindicações já está contemplada no vigente ACT, cuja renovação e aperfeiçoamento são esperados. Este aperfeiçoamento será atingido com os valores reajustados pela variação do INPC do período revisado e do aumento, segundo o postulado pela categoria na campanha nacional unificada.

Uma das prioridades na mesa de negociação será a reivindicação na gratificação substancial dos ONs de R$ 1.335 mais o INPC do período. Para o diretor da Fetrafi-RS e banrisulense Sergio Hoff, é preciso conscientizar a categoria da importância de eleger executivo e legislativo conectados com as pautas dos trabalhadores e das trabalhadoras. “Acima de tudo vamos lutar em defesa do nosso banco público, que a gente precisa manter. Mas sabemos que só com o nosso voto é que vamos conseguir garantir nossos direitos”, pontuou.

Conjuntura política

Além da aprovação da minuta, o Encontro foi importante para posicionar a tarefa dos Banriulenses para além da caminhada salarial. “Estamos fazendo esta campanha em um momento muito difícil, mas também é um momento de esperança. Ao contrário do ano passado, este ano nós temos possibilidades. Nós podemos sonhar, nós temos a esperança de que podemos mudar esse país novamente”, pontuou a diretora do Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região e também diretora de Saúde do(a) Trabalhador(a) da Fetrafi-RS , que integra o Comando Nacional dos Banrisulenses, Raquel Gil. 

Diretora do Sindicato e também da Fetrafi-RS

Destaques do Banrisul

No primeiro painel da manhã, o técnico do Dieese Ricardo Franzoi apresentou o balanço do Banrisul e o contexto das tendências na categoria, além de falar sobre a importância dos bancos públicos no financiamento do Estado. 

Franzoi apontou que enquanto os bancos privados vão gerar lucros para acionistas privados, os bancos públicos injetam recursos na conta do estado, o que garante investimentos a longo prazo em benefício da população, como saúde, educação, segurança. Os bancos privados, no entanto, “vão direcionar o investimento para os projetos que gerem maior taxa de retorno a curto prazo”, ou seja, mais lucro o quanto antes. 

O técnico do Dieese mostrou também como a categoria bancária diminuiu 39,5% desde 1990, enquanto crescem bancos digitais e fintechs, e portanto, a precarização do trabalho com a contratação de trabalhadores autônomos que não têm os mesmos direitos dos(as) bancários(as).

Veja a apresentação aqui 

Regime de Recuperação Fiscal

O auditor do Tribunal de Contas do Estado, Josué Martins, apresentou em detalhes o Regime de Recuperação Fiscal, aprovado no governo Leite, e como o acordo com a União acaba com a autonomia financeira e administrativa do estado do Rio Grande do Sul pelos próximos nove anos. 

Martins explicou que o RRF alinha a política econômica dos estados endividados, como o RS, à política econômica da União, desses governos que defendem o enxugamento do Estado. Segundo o auditor, o Regime tornou legal a quebra do pacto federativo e “acabou a autonomia do RS”. 

O RRF, disse, determina que os pagamentos anuais da dívida cresçam ano após ano, ao mesmo tempo em que limita aumento de gastos e investimentos do governo, comprometendo o desenvolvimento do estado. Neste período o governo não pode aumentar gastos com políticas públicas ou pessoal e está proibido, por exemplo, de realizar concurso público. 

Entre as condicionantes que a União exige do estado, está também a alienação total ou parcial de participação societária do estado em empresas públicas ou de economia mista, com previsão até de liquidação ou extinção dessas empresas. Portanto, Banrisul e a Corsan estão fortemente ameaçados neste período. 

Veja a apresentação aqui 

Conjuntura estadual

A manutenção do Banrisul público, inclusive, foi destacada pelo ex-ministro do Trabalho e ex-vice-governador do estado, Miguel Rossetto, último convidado a falar no Encontro. Foi no governo dele e de Olívio Dutra, então governador, que os banrisulenses conseguiram reverter a privatização do Banrisul encaminhada pelo governo Britto. 

Hoje, mais uma vez sob ameaça, é preciso eleger um governador e um parlamento alinhados com a defesa do Banco, como reforçou Rossetto. “O povo gaúcho tem um respeito enorme pelo Banrisul. Precisamos de mais Banrisul, de mais presença nos municípios, de uma economia que quer mais para o futuro do estado do Rio Grande do Sul”, enfatizou.

Rossetto lembrou que o estatuto popular para discussão da venda de estatais e outros avanços do estado nos governos de esquerda foram importantes para a vida dos trabalhadores, mas estão se perdendo. “Todas as vitórias que nós construímos no estado são imensamente disputadas e, hoje, as categorias de vanguarda tem essa capacidade enorme de mobilização em relação a uma base permanentemente mal-informada por uma mídia que a desorienta”, alertou.

Fundação Banrisul

Antes do fim do Encontro, a diretora da Fetrafi-RS Denise Falkenberg Corrêa informou a respeito das mudanças anunciadas pela Fundação Banrisul para a participação dos pensionistas na eleição paritária da sua diretoria executiva. “De agora em diante quem quer se candidatar a diretor da Fundação tem que passar por uma sabatina. Isso é inaceitável”, afirmou.

O ex-diretor da Fetrafi-RS e banrisulense aposentado, José Carlos Rocha, também protestou contra as alterações nas regras eleitorais da Fundação. “Nós elegemos apenas dois representantes e agora querem nos tirar esses cargos, principalmente do diretor de Previdência, que é fundamental pra nós”, declarou. Rocha divulgou um texto para ser enviado à Fundação por todos os colegas solicitando a revisão das regras. 

Fonte: Portal Bancários RS, com edição SEEB Pelotas e Região

Posts Relacionados

Isso vai fechar em 20 segundos

Fale com o sindicato
Pular para o conteúdo