“Sindicalismo tem o dever de reocupar o centro da vida política”, afirma José Dirceu na 17º Plenária Nacional da CUT
Os movimentos sindicais e a classe trabalhadora vivem um momento decisivo na construção efetiva de um Estado brasileiro de bem-estar social. Essa é a avaliação do ex-ministro da Casa Civil e liderança histórica do PT, José Dirceu – convidado especial da 17ª Plenária Nacional da CUT João Batista Gomes (Joãozinho) — com o tema “Novos Tempos, Novos Desafios”, na capital paulista.
Ao lado do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e da vice-presidenta da Central e presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, Dirceu relembrou o papel do movimento sindical em conquistas sociais dos últimos 100 anos. “A história nos ensina que sem mobilização não há transformação”, observou. “A classe trabalhadora tem acesso à riqueza por meio do salário, por isso a valorização do salário-mínimo e a luta constante dos movimentos sindicais para que aconteçam reajustes acima da inflação são tão importantes”, completou.
Dirceu destacou ainda que, diante da queda no desemprego; retomada da indústria; e políticas de valorização do salário-mínimo, os movimentos sociais progressistas vivem hoje, no Brasil, um momento oportuno para dominar a narrativa e ampliar a força política contra a extrema direita. “Mas nós não podemos depender de um ciclo econômico. Precisamos de reformas estruturais que garantam renda, emprego e cidadania para as próximas gerações”, alertou.
O ex-ministro pontuou que a luta para transformar as conquistas conjunturais em estruturais está intrinsicamente ligada ao embate de narrativas. “O que estamos enfrentando não é apenas uma disputa eleitoral, é uma batalha de valores. Eles querem um mundo branco, cristão e hétero; nós queremos um mundo de diversidade, solidariedade e justiça social”, ressaltou. “A luta é também cultural e ideológica. Precisamos disputar o imaginário da sociedade, a narrativa do que é ser brasileiro. É preciso reconstruir o sentido de nação”, completou.
Dentro dessa disputa de narrativas, Dirceu citou o embate no campo econômico. “O Brasil é o país mais rico do mundo! Mas alguém pode dizer; ‘o Zé tá falando bobagem’. Mas, veja só, nós somos o quinto em território, somos oitavo em população, somos a sétima economia do mundo. Qual é o problema mais grave da maioria dos países, hoje? Alimento e energia, e nós temos os dois! O problema da fome é pela desigualdade, pela concentração de renda”, ponderou.
Nesse sentido, Dirceu defendeu a luta contra as altas taxas de juros e pela reforma tributária, para que as elites, que hoje pagam muito menos impostos do que a maior parcela da população, sejam responsabilizadas devidamente. “Os ricos seguem isentos [em muitos impostos] enquanto o povo paga a conta. O país é riquíssimo, mas a renda continua concentrada. Não é possível crescer sem distribuir”, afirmou. “Precisamos desconcentrar a renda e também o território produtivo. O Nordeste e o Norte têm de fazer parte do novo ciclo de desenvolvimento”, completou, ressaltando a importância dos bancos públicos, a exemplo do BNDES, Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste, e de programas focados no desenvolvimento produtivo, como a Nova Indústria Brasil (NIB).
A 17ª Plenária Nacional da CUT “João Batista Gomes (Joãozinho) Novos Temos, Novos desafios”, reúne 598 delegados e delegadas de todo o país, de forma presencial e on-line, na quadra dos bancários, centro de São Paulo, até sexta-feira (17).
Fonte: Contraf-CUT – Com informações da CUT
Foto: Roberto Parizotti