Avança a negociação do PPR com o Banrisul
Banco atende demanda de adequação dos targets para os cargos afetados pela reestruturação.
Representantes do Movimento Sindical e do Banrisul voltaram a se reunir no dia 26 de novembro, na sede do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, para mais uma rodada de negociação referente ao Programa de Participação em Resultados (PPR) 2026 e 2027. No encontro, o Banco trouxe respostas às reivindicações apresentadas pela categoria durante a plenária de 4 de novembro e a Comissão de Organização de Empregados (COE) insistiu nos pontos negados pelo setor patronal.
Avanços significativos na mesa
A principal reivindicação nessa negociação foi atendida: a equalização da tabela de targets apresentada pelo banco para os cargos afetados pela reestruturação. Na primeira proposta a empresa havia mantido os mesmos targets para os colegas que migraram ou ingressaram nos novos cargos criados, reduzindo os targets para os que não migraram, criando uma espécie de “isonomia nivelada por baixo”. Após insistentes reivindicações dos sindicalistas a empresa apresentou a nova proposta, agora “nivelando por cima” os targets. Com a alteração, todos os colegas que ocupam cargos afetados pela reestruturação (tombados ou não) manterão as mesmas perspectivas de ganho de PPR a que faziam jus no ano anterior, ficando garantido o equilíbrio do programa.
A exceção são os antigos Operadores de Negócios (ONs). Há anos no centro da Pauta dos banrisulenses por contas dos ajustes ocorridos quando do encerramento do programa de RVs, agora os ONs chegam a um momento de virada. Somados a equalização dos targets com o aumento substancial da gratificação da função na recente reestruturação, os ONs (agora denominados Gerente de Relacionamento segmento PF) passarão a ter uma perspectiva de ganho em PPR mais alta para 2026 e 2027. É importante destacar a importância dessa conquista, que traz justiça para esse significativo grupo de banrisulenses.
Valor mínimo e faixas de distribuição também avançaram
Outros dois aspectos positivo da negociação: o Banrisul concordou em atualizar o valor mínimo, que vinha congelado há dois acordos em R$1.200, aplicando sobre esse valor o reajuste concedido aos bancários via CCT em 2024 e 2025. Com isso, o mínimo passará a ser de R$1.327. Ainda sobre o valor mínimo, o banco já havia concordado em voltar a efetuar a antecipação de 50% em setembro.
Também concordaram com a reivindicação de criação de novas faixas de distribuição, acompanhando a tendência crescente de resultados que o Banco vem apresentando. A partir de 2026, o programa de PPR contará com faixas adicionais de distribuição de 1,4 e 1,5 bilhões de resultado do exercício, incrementado 10 milhões de distribuição em ambas as faixas caso atingidas.
COE reafirma preocupações com metas abusivas e voláteis
Ainda que não sejam parte do acordo em si, são centrais as discussões trazidas ao longo de todas as mesas a respeito do modelo de metas. O Movimento Sindical reforçou que os principais pontos de tensão permanecem ligados à previsibilidade e aos impactos das metas sobre o trabalho cotidiano das equipes. Os representantes do Banrisul defenderam que “as alterações nas metas são sempre em benefício dos trabalhadores”, argumento sistematicamente contestado pela COE.
Luciano Fetzner, coordenador da COE Banrisul e presidente do SindBancários Porto Alegre e Região, questionou a falta de garantias formais sobre a manutenção dos parâmetros. “Por que a resistência em clausular a garantia de que as metas não serão majoradas?”, indagou. Sobre isso, o Movimento Sindical reforçou a posição de que é importante resguardar os trabalhadores de que mudanças prejudiciais não aconteçam no decorrer dos semestres.
A coordenadora da COE e diretora da Fetrafi-RS, Raquel Gil de Oliveira, destacou que tanto na legislação vigente quanto em Acordos Coletivos de Trabalho afirmam necessária a previsibilidade da objetivos. “A falta de previsibilidade desorganiza os trabalhadores. Essa é uma reclamação que chega insistentemente aos sindicatos e está no centro do nosso debate. Como o Banco não compartilha com o movimento sindical os parâmetros e alterações, fica difícil de acompanhar e avaliar”, disse.
Letícia Raddatz, presidente do Sindicato dos Bancários de Santa Rosa, reforçou que a pressão por metas continua sendo a maior queixa das agências. “Nós, como Movimento Sindical, precisamos levar respostas que tranquilizem a nossa base. É preciso que as regras não sejam alteradas no meio do jogo. Isso é bom para os dois lados da mesa”, ressaltou.
Os negociadores do banco saíram da mesa afirmando os compromissos de levar novamente as reivindicações pendentes à diretoria e de que enviariam a proposta consolidada final à Fetrafi-RS em breve, já adequada aos avanços construídos na mesa. Na terça feira (02/12), o documento chegou à COE com mais uma reivindicação atendida: concordaram em consolidar um reajuste automático do valor mínimo do programa pelo índice da CCT para os exercícios de 2026 e 2027. As assessorias jurídica e do Dieese estão revisando o texto apresentado para apontar eventuais ajustes. Em breve o documento será disponibilizado à categoria.
Pontos que não transitaram
Quanto à semestralização das metas e às reivindicações de aumento de target de cargos específicos, os representantes do Banrisul afirmaram que não há espaço para esses debates nesse momento, mas também afirmaram que ambos os temas estão no radar da diretoria e seguirão sendo tratados no sentido de garantir equilíbrio através da gestão.
A diretora do Sindicato do Vale do Paranhana, Ana Betim, afirmou que “assim como a antecipação de metade do mínimo, os colegas consideram muito importante a reivindicação de que o programa seja semestralizado como um todo. Vamos seguir pressionando para que isso vire realidade”. O diretor do sindicato de Passo Fundo, Paulo Melo, complementou: “todo mundo ganha com mais incentivos, pois o resultado final pode beneficiar a todos. Não só defendemos a semestralização das metas, como também o reconhecimento do trabalho de quem atinge os resultados em apenas um dos semestres”, asseverou o dirigente.
Também foi rejeitada a reivindicação de distribuição linear de eventuais sobras do programa, alegando que até hoje isso não aconteceu e que é necessário amadurecer melhor essa discussão para se viabilizar o trânsito da discussão.
Próximos passos
Diante dos avanços alcançados, a COE entende que é o momento de convocar assembleias, divulgar a proposta aos banrisulenses e levar ao debate público e apreciação coletiva a minuta consolidada de acordo coletivo de PPR 2026-2027. “É hora de compartilharmos com todos os trabalhadores e trabalhadoras do banco a proposta que negociamos, para que possam avaliar e opinar a respeito”, finalizou o dirigente de Vacaria, Orimar Pizzamiglio. Ficou indicado aos sindicatos que possuem agências do Banrisul em suas bases a convocação de todos os empregados ativos para assembleias, a serem realizadas no dia 11 de dezembro.
CONQUISTAS DA NEGOCIAÇÃO
♦️Retorno da antecipação de 50% do valor mínimo em setembro, junto com a PLR;
♦️Equalização dos targets de cargos afetados pela reestruturação, garantindo isonomia e que não haverá prejuízos para ninguém;
♦️Melhora de perspectivas de PPR para os antigos ONs;
♦️Atualização do valor mínimo para R$1.327;
♦️Criação de duas novas faixas de distribuição, de R$ 1,4 e R$ 1,5 bilhões de resultado;
♦️Correção automática do valor mínimo pelo índice da CCT a partir de 2026.
Participaram da mesa pela COE: Raquel Gil de Oliveira (coordenação – Fetrafi/RS); Luciano Fetzner Barcellos (coordenação – Porto Alegre); Ana Maria Betim Furquim (Vale do Paranhana); Ana Maria da Silva (Lajeado); Gerson Kunrath (Vale do Caí); Letícia Raddatz (Santa Rosa); Orimar Pizzamiglio (Vacaria) e Paulo Rogimar Ferreira de Melo (Passo Fundo).
FETRAFI-RS

