“Sentir Fora da Caixa”: Nick Pastorini transforma vivências em poesia e resistência

Em seu livro de estreia, “Sentir Fora da Caixa”, Nick Pastorini, de 18 anos, reúne poesias que exploram suas experiências como pessoa autista, transgênero e não binária, criando uma obra que é tanto um refúgio pessoal quanto um manifesto de resistência. Dividido em quatro partes, intituladas “Sob o Olhar Divergente”, “Vazamentos Poéticos”, “TRANSformações” e “Acrósticos”, o livro, publicado pela editora Maralheios, navega por temas como neurodivergência, identidade de gênero e a força da escrita como forma de libertação. O autor é filho do bancário Daniel Torres, do Banco do Brasil.

Um dos poemas mais marcantes da obra, “Engasgo”, fala sobre a dificuldade de expressar pensamentos e como a escrita se tornou uma saída. “Inicialmente, começou somente como uma válvula de escape. Uma forma de libertar os sentimentos angustiantes. Depois, comecei a escrever de forma consciente sobre sentimentos que muitas vezes temos dificuldade de expressar de forma oral”, explica Nick. A transição entre a escrita como desabafo e como arte consciente revela um amadurecimento criativo, transformando dores pessoais em versos que ecoam experiências coletivas.

O autor é uma pessoa com deficiência devido a paralisia cerebral e teve um diagnóstico tardio de autismo, o que trouxe desafios, mas também uma nova perspectiva sobre sua própria história. “Inicialmente, houve uma espécie de processo de luto, já que o diagnóstico tardio fez com que eu passasse muitos anos sem entender as minhas diferenças. Com o passar do tempo, percebi que poderia usar a escrita para dar voz à comunidade autista. Pessoas neurodivergentes muitas vezes são invisibilizadas, e vejo a escrita como uma forma de empoderamento”, declara.

“Eu espero que as pessoas neurodivergentes e LGBTQIA+ sintam acolhimento ao ler meu livro. Quero que essas pessoas não se sintam mais sozinhas. Além disso, saibam que suas vivências são válidas e não podem ser discriminadas. Já para aqueles que não possuem vivências semelhantes, espero que o livro desperte empatia. Quero que essas pessoas percebam que, apesar das diferenças, continuamos sendo humanos e precisamos ter nossos direitos respeitados”, argumenta o escritor.

Para quem busca na escrita uma forma de compreender suas próprias emoções e identidade, Nick aconselha: “A escrita é vasta em possibilidades, então não tenha medo de experimentar diversas formas até encontrar aquela que melhor expresse suas vivências. Alguns podem não compreender a mensagem de sua escrita, mas isso não torna suas produções ruins”, explica. “Lembre-se antes de tudo: são as suas próprias emoções e sua própria identidade. Por isso, seja gentil e não se cobre tanto”, complementa.

Além da poesia, Nick também utiliza o desenho como linguagem artística. O artista foi o responsável pelas ilustrações no início de cada seção do livro, além do desenho da capa. “O desenho foi a minha primeira forma de expressão. Porém, chegou um momento em que somente o desenho não bastava, então comecei a escrever. Hoje, utilizo as duas formas em conjunto”, finaliza.

Financiamento coletivo

“Sentir Fora da Caixa” está em campanha de financiamento coletivo, com opções de versão física e digital. A campanha oferece seis categorias de contribuição a partir de R$ 20, que dá direito à edição digital do livro. A partir de R$ 45, o apoiador recebe a edição impressa da publicação. O objetivo é alcançar R$2800, com mais da metade da meta já tendo sido batida. Para apoiar, clique neste link.

Redação: Vitor Valente/Seebpel

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