COE Bradesco critica fechamento de unidades em reunião com o banco

Trabalhadores defendem empregos e questionam efeitos da transformação digital no acesso a serviços bancários; Bradesco apresenta programa de diversidade e nova segmentação.

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu com a direção do banco na tarde de terça-feira (05/06), na sede da instituição, na Cidade de Deus, em Osasco (SP), para debater temas como diversidade, segmentação, fechamento de unidades, emprego e condições de trabalho.

Na ocasião, o banco apresentou seu programa de Diversidade, Equidade e Inclusão, estruturado com base em dois eixos: princípios e pilares. Os princípios são equidade de oportunidade, educação para inclusão e engajamento. Já os pilares contemplam as frentes de gênero, étnico-racial, pessoas com deficiência (PCD), população LGBTQI+ e, mais recentemente, longevidade.

“Essa pauta tem tudo a ver com o debate que a gente faz na Mesa de Igualdade de Oportunidades”, afirmou Erica de Oliveira, coordenadora do COE Bradesco. Para ela, uma apresentação dialógica com o que já foi planejado com o banco durante as negociações coletivas. “É importante que o banco prossiga e avance com o programa, e o COE esteja disposto a colaborar, já que essa iniciativa é fruto de negociação coletiva, durante as campanhas nacionais dos bancários”, acrescentou.

Emprego e fechamento de unidades preocupantes

A maior preocupação do COE é com o emprego e o encerramento de unidades de atendimento, como agências, postos avançados (PAs) e unidades de negócios. De acordo com os representantes dos trabalhadores, há municípios em que o Bradesco não mantém mais nenhum ponto de atendimento, dificultando o acesso da população aos serviços bancários.

O banco alegou que passa por um processo de recuperação e redimensionamento de estruturas, impulsionado pela evolução tecnológica. Informamos que apenas 2% das transações são realizadas de forma presencial e que não abandonou os clientes de menor renda, mas que o modelo de atendimento está em constante transformação. Ainda segundo o Bradesco, a nova segmentação tem gerado oportunidades internas, inclusive com admissões fora da área de tecnologia.

“Cobramos fortemente o banco com relação às demissões e encerramento de agências e unidades de negócios. Isto impacta principalmente em pequenas localidades onde o letramento digital é muito baixo, exigindo atendimento presencial. Não é uma situação que afeta apenas os bancos, mas também uma questão de cidadania”, afirma o diretor da Fetrafi-RS, Sandro Cheiran.

Nova segmentação

A restrição do atendimento foi detalhada na reunião, com a divisão de clientes pessoa física, em quatro faixas:
Massificado:

clientes com renda mensal de até R$ 8 mil;
Prime: renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 25 mil ou investimentos entre R$ 50 mil e R$ 300 mil;
Principal: renda mensal acima de R$ 25 mil ou investimentos a partir de R$ 300 mil;
Privado: valores superiores aos atendidos no segmento Principal.
Segundo o banco, essa segmentação vai gerar 3.200 novas vagas no Principal — sendo 2 mil destinadas a cargas de gerenciamento — e 600 novos postos no Massificado. Afirmou-se ainda que o desempenho continua sendo um desafio importante e que a exigência do banco aumentou na avaliação dos trabalhadores.

Atendimento a empresas

No segmento empresarial, o Bradesco também passou por ajustes:

Bradesco Empresas e Negócios: atende do MEI até empresas com faturamento de R$ 3 milhões;
Plataformas Empresas: faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 50 milhões;
Corporate Bank: empresas com faturamento acima de R$ 50 milhões.
O banco ressaltou que essas mudanças também estão gerando novas oportunidades.

Sacar pra quê?

A COE questionou a campanha de incentivo ao uso dos canais digitais. Denunciou ainda que, em algumas localidades, os gestores estariam deixando caixas eletrônicas (BDNs) indisponíveis, atrasando o conjunto dos equipamentos, deixando-os artificialmente inoperantes. O Bradesco afirmou que é uma campanha de sensibilização, não há impedimento de saque em espécie e que a queda no uso das caixas deve ao aumento do uso do Pix. Completou, no entanto, que irá rever os casos relatados.

Km rodado, consignado INSS e pontos dos gerentes de alto valor
Outro tema levado à mesa foi o valor pago por milhas rodado aos gerentes em visita. O COE cobrou reajuste, já que o último ocorreu em dezembro de 2021. O banco respondeu que a solicitação já foi encaminhada à área responsável.

A comissão também solicitou esclarecimentos sobre a postura do banco mediante nova modalidade de empréstimo consignado com garantia do FGTS, lançada pelo governo federal. O banco informou que ofereceu taxas médias de 2,70% para clientes e 1,89% para funcionários — inferiores ao mercado. Questionado sobre cobertura de ofertas de outras instituições, o banco afirmou que há uma regulação do Banco Central que impede taxas superiores ao custo da operação.

A ausência de registro de ponto para os gerentes de relacionamento de empresas, conhecidos como “gerentes de alto valor”, também foi abordada. A COE está preocupada com o cumprimento da jornada desses profissionais. A direção do banco justificou que esses trabalhadores realizassem atividade externa — visitas a clientes — e, por isso, se enquadraram na modalidade prevista pela CLT, mas que não se trata de carga de confiança.

Compromisso com o emprego

A coordenadora do COE, Erica de Oliveira, reforça que a defesa do emprego é prioridade para o movimento sindical. “Todos os pontos debatidos são muito importantes. O movimento sindical no Brasil inteiro está muito preocupado com o fechamento de locais de trabalho e isso não pode se refletir no emprego dos bancários. Esta é a nossa preocupação número 1. O bom atendimento se faz com bancários e a gente vai insistir nisso”, conclui.


Fonte: Contraf-CUT , com edição da Contraf-CUT

Posts Relacionados

Fale com o sindicato
Ir para o conteúdo