“Quatro de cada cinco mortes poderiam ter sido evitadas”, afirma Pedro Hallal

Em entrevista à RádioCom, na manhã desta segunda-feira, dia 14 de junho, o epidemiologista Pedro Hallal, que é ex-reitor da UFPel, atualizou os dados que têm repassado aos principais meios de comunicação, sobre a situação das mortes provocadas pelo contágio de Covid-19, no Brasil.

Ao refazer os cálculos de sua mais recente pesquisa, antes de conversar com os ouvintes do Programa Contraponto, o pesquisador informou que a situação, hoje, é ainda pior do que havia sido constatada, em 2020, por meio de um trabalho acadêmico publicado na prestigiada Revista The Lancet, cujos resultados apontavam para a possibilidade de se evitar três de cada quatro óbitos, no Brasil, caso o país estivesse acompanhando a média mundial de mortes provocadas pela doença.

Capital mundial do negacionismo

Conforme explica o pesquisador, a média mundial é de 488 mortes a cada 1 milhão de habitantes. Já no caso do Brasil, a média é de 2.293 mortes para cada 1 milhão de habitantes. Analisando esse novo panorama, ele afirma já possuir subsídios para diagnosticar que a situação, neste primeiro semestre do 2021, piorou ainda mais.

“Hoje, sem dúvidas, estamos mais próximos de uma perspectiva em que quatro de cada cinco mortes poderiam ter sido evitadas, caso não fôssemos a capital mundial do negacionismo. Isso representa 400 mil vidas que não teriam sido perdidas, em uma comparação, ainda conservadora, no que diz respeito à média mundial de óbitos provocados pelo contágio do coronavírus”

Ao alertar para as estratégias que estão sendo adotadas nos países com menores taxas de letalidade da doença, Hallal enumera uma série de medidas que, ao longo de toda a Pandemia, têm sido sistematicamente ignoradas pelo Governo Federal. É o caso, por exemplo, da necessidade de testagem em massa, do isolamento social e, sobretudo, do investimento em vacinação. Hallal critica, ainda, a negação de Bolsonaro em relação às medidas de segurança, que insiste em incentivar o não uso de máscaras e a adoção de tratamentos comprovadamente ineficazes no combate à doença.

Avaliando o cenário da Pandemia, no Brasil, Pedro afirma não ver nenhuma possibilidade de não punição de Jair Bolsonaro, seja pelo Tribunal de Haia, pela CPI da Covid ou por meio de inquéritos criminais. O pesquisador explica que, ao estar ocupando o maior cargo de gestão pública, do país, Bolsonaro encontra-se em uma condição de servidor público e, necessariamente, precisará responder pelos seus atos e omissões, como no caso da demora para a compra de vacinas. “Ele é o responsável, porque é ele que promove aglomerações, que não usa máscaras e que discursa contra a vacina. Qualquer análise isenta e séria, sob o ponto de vista processual, acaba punindo diretamente o presidente”, reforçou.

Confira a entrevista na íntegra:

Redação: Eduardo Menezes / SEEB Pelotas e Região

Edição do vídeo: Juliano Lima / RádioCom

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