Só vacinação é pouco para acabar com a covid: saiba como reduzir riscos

O Brasil registrou hoje (19) mais 226 vítimas da covid-19 em um período de 24 horas. Com o acréscimo, o país soma 612.370 mil mortes desde o início do surto, em março de 2020. Também foram registradas 13.335 novos casos. Sem contar a ampla subnotificação, o país superou a marca de 22 milhões de infectados (22.003.317) no mesmo período. Os números demonstram tendência de estabilidade, ou seja, a pandemia não está acabando.

Especialistas temem impactos da chegada do fim do ano, caracterizado por deslocamentos e aglomerações. O atual cenário europeu também acende o alerta. Em uma trajetória ascendente e considerada “dramática“, a Europa vive um dos piores períodos da pandemia até o momento, e ocupa o epicentro da covid-19.

No Brasil, a vacinação conseguiu reduzir o número de mortes e internações diárias. Entretanto, longe de estar em uma situação confortável, as festas de fim de ano podem dar novo impulso à circulação do novo coronavírus. “Atualmente estamos num cenário melhor, mas a situação é muito volátil, vide a Europa. Ainda temos mais de um mês (para o Natal e Ano Novo) e infelizmente é difícil ter certeza que essa redução vai se manter. Esperamos que sim, mas é importante ficar atento a isso”, afirma o integrante do Observatório Covid-19BR Vitor Mori.

covid-19 no fim do ano
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)

Pandemia dos não vacinados

O mais recente boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre a covid-19, divulgado na quarta-feira (17), aponta riscos do abandono dos cuidados com a covid-19. “Definitivamente, a vacinação, descolada de outras recomendações não farmacológicas, não será suficiente para determinar o fim da pandemia”, afirmam os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz. A entidade explica que a situação europeia serve de alerta, e apela para que todos os que ainda não se vacinaram, compareçam aos postos de saúde.

“A atual situação desses países europeus, que vêm sendo chamada de ‘pandemia dos não-vacinados’, tem servido de alerta para a questão do avanço da vacinação nessas nações, em que parcelas da população não vacinadas vêm apresentando um alto número de casos de covid-19 (…) Países como a Áustria, Lituânia e Alemanha, com percentuais maiores da população vacinada (63,7%, 65,2% e 67% respectivamente) vêm não só enfrentando um grande crescimento de internações, mas também no indicador de óbitos por milhão de habitantes”, completa a entidade.

Covid-19 no fim do ano

Após quase dois anos de pandemia, aqueles que sempre respeitaram as recomendações da ciência de cumprir distanciamento social, agora pensam em reencontros com familiares e amigos nas festas de final de ano. Mori entende este fluxo como natural, mas pede cautela. “Muitos tomaram a difícil decisão de abrir mão desse momento tão especial e agora estão pensando na possibilidade de voltar a realizar os encontros, uma vez que a vacinação avançou e os números da pandemia estão bem melhores”, afirma.

Contudo, o cientista pondera que “é muito difícil dizer se realizar esse encontro é seguro ou não. A própria definição de ‘ser seguro’ varia demais de pessoa pra pessoa. E existem diversos aspectos que são difíceis de quantificar. Não existe risco zero, nem sentença de infecção. É uma questão de pesar riscos e benefícios e tomar uma decisão o mais informada possível. Além disso, é importante tomar o maior número de medidas possíveis para reduzir os riscos, caso se realize o encontro”.

Cuidados

Diante desse quadro, o pesquisador dá dicas importantes. “Parto do ponto de que todos que puderam estão vacinados. De preferência com ciclo vacinal completo e que as pessoas elegíveis tomaram a dose de reforço. Se esse não é o caso, avise seus familiares sobre a importância da vacinação, da segunda dose e da dose de reforço”, inicia.

“Avalie o espaço onde o encontro vai ocorrer. Ambientes fechados e mal ventilados são muito mais arriscados e o ideal seria evitar. Locais abertos ao ar livre apresentam risco mais baixo e devem ser priorizados sempre. Leve em conta também a quantidade de pessoas presentes (…) Avalie como será feito o deslocamento até o local. O risco em aeroportos e rodoviárias acaba sendo maior. Nesse caso, vale usar uma PFF2 durante a viagem. Encontros entre pessoas na mesma cidade ou que envolvem viagens em carros particulares são preferíveis (…) Avalie sua própria tolerância ao risco. Isso é algo muito pessoal e cada indivíduo está vivenciando uma fase diferente da despressurização. Respeite o seu momento e o seu nível de conforto em participar ou não de algum evento”, continua.

A partir destas avaliações, Mori recomenda outras ações para a redução dos riscos. “Ar livre! Todo mundo em espaço aberto o tempo todo. Se não for possível, ventile ao máximo o ambiente, com janelas abertas e ventilação cruzada (…) Máscaras! Esse aspecto é complicado porque na maioria das vezes é algo que foge do nosso controle. Em espaços fechados seria recomendado que todos usassem, na maior parte do tempo, uma máscara de boa qualidade muito bem ajustada ao rosto (…) Reduzir o número de participantes! Quanto mais gente, maior o risco de alguém estar infectado e transmitir.”

Fonte: Gabriel Valery, da RBA

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