Brasil volta a registrar aumento de mortes diárias por covid

O Brasil vive um novo momento de elevação das mortes diárias de covid-19. Hoje (15), o país registrou mais 800 vítimas da infecção pulmonar em 24 horas, segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Com o acréscimo, já são 588.597 mortos, sem contar com subnotificação apontada por cientistas e admitida até pelo governo federal. No mesmo período, foram notificadas 14.780 novos casos, totalizando 21.034.610 infectados pelo coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020.

A média diária de mortes passou de 454, no dia 10 de setembro, para os atuais 597 óbitos a cada um dos últimos sete dias – um salto de 31,5%. Esta tendência não se repete na média diária de novos casos, que apresentou queda no período, e estabilidade de ontem pra hoje, com 15.229 infectados também a cada um dos últimos sete dias. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirma que a tendência nacional atualmente percebida é de estabilidade e queda nos casos.

Números da covid-19 desta quarta (15) no Brasil. Fonte: Conass

“O Brasil apresenta sinal de queda nos casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e estabilidade no curto prazo (últimas três semanas). Apenas duas das unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo − Espírito Santo e Pernambuco − com valores relativamente baixos”, afirma o boletim InfoGripe publicado pela Fiocruz.

Cautela

O pesquisador Marcelo Gomes, responsável pelo boletim, afirma que o cenário mais positivo em relação ao número de casos tem relação com o avanço da vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, 37,52% dos brasileiros estão totalmente imunizados com duas doses de vacinas, ou vacina de dose única. Cumpriram a primeira etapa da imunização 71,47%.

Por outro lado, a transmissão segue em níveis “extremamente elevados”, especialmente entre os mais jovens. Marcelo avalia ter sido precoce a liberação das medidas de isolamento social, que vigoraram pouco e de forma ineficaz no país, o que reflete para o ainda alto patamar de contágio. “Já a estabilização em valores relativamente mais altos na população mais jovem é reflexo da manutenção de transmissão elevada na população em geral”, continua.

Poder da vacina

Além de apresentar resultados evidentes para a redução das mortes, as vacinas deverão em breve impactar significativamente também na transmissão comunitária do novo coronavírus. É o que aponta estudo publicado na revista científica The Lancet. Os dados positivos são essenciais para a epidemiologia, já que é necessário reduzir a transmissão para evitar o surgimento de novas cepas virais. Essas mutações mais agressivas surgem em regiões de contágio descontrolado.

“Pensando na perspectiva imunológica, as vacinas podem, teoricamente, suprimir SARS-CoV-2 em todos esses estágios para prevenir a transmissão (…) A vacinação é uma estratégia eficaz para induzir anticorpos neutralizantes que podem limitar a infecção, a replicação e, potencialmente, a transmissão. Dependendo da vacina, anticorpos podem ser transportados para a superfície da mucosa, impedindo mecanicamente a entrada do vírus”, afirma a neurocientista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mellanie Fontes-Dutra.

“A imunidade induzida por vacinas, incluindo anticorpos neutralizantes, anticorpos não neutralizantes e células T de memória, limita a replicação do vírus, reduzindo a gravidade da doença, bem como a produção de vírus transmissíveis”, completa a cientista.

Fonte: Gabriel Valery, da RBA

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