Países ricos compram vacina e podem deixar países pobres desamparados

A vacina contra a covid-19 está cada vez próxima, mas os países pobres não serão beneficiados. Um artigo da Oxfam alerta que a maior parte das doses produzidas já foram compradas pelos países mais ricos, deixando boa parte da população global no final da fila.

O alerta é feito em conjunto com a People’s Vaccine Alliance (Aliança da Vacina do Povo, em tradução livre). As entidades acreditam que quase 70 países de baixa renda só conseguirão vacinar um em cada 10 de seus cidadãos.

Apesar de os criadores da vacina de Oxford terem prometido ofertar 64% de sua vacina aos países pobres, as nações mais ricas, que possuem 14% da população global, já compraram 53% das doses das vacinas mais promissoras.

“Ninguém deveria ficar de fora da vacinação urgente e necessária contra a covid-19”, afirma Maitê Gauto, gerente de programas e incidência da Oxfam Brasil. “Não bastasse a compra da maior parte das vacinas pelos países mais ricos, no Brasil ainda enfrentaremos a falta de planejamento do governo federal e disputas políticas que podem afetar diretamente a proteção da população.”

Países ricos na frente

No Reino Unido, por exemplo, a vacinação em massa dos grupos mais vulneráveis começou nesta terça-feira (8). Outros países que ainda aguardam a aprovação das agências reguladoras sobre os imunizantes, os Estados Unidos e a Europa já encomendaram vacinas suficientes para imunizar as populações a partir das próximas semanas.

Até o momento, todas as doses da vacina da empresa Moderna e 96% do imunizante da Pfizer foram adquiridas pelos países mais ricos. As 64% das doses da vacina da Oxford, prometidas às populações em desenvolvimento, só garantirão a vacinação de cerca de 18% da população global, em 2021.

A Oxfam Brasil defende que as empresas farmacêuticas, que estão produzindo a vacina contra a covid-19, precisam compartilhar suas tecnologias e abrir mão da propriedade intelectual em favor do consórcio Covax da Organização Mundial de Saúde (OMS), criado para produzir doses suficientes para todos.

A entidade ainda afirma que é preciso que as vacinas contra a covid-19 sejam consideradas bens públicos globais, já que possuem investimentos públicos, sendo assim gratuitas à população, distribuídas de maneira justa, com base na necessidade das pessoas e priorizando aquelas que estão em situação de maior vulnerabilidade.

Fonte: RBA

Arte: Seeb Pelotas

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