Uso de explosivos em ataques a bancos cresce 225% nos primeiros dois meses de 2018 no RS

O uso de explosivos em ataques a bancos cresceu de forma assustadora nos primeiros dois meses de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado no Rio Grande do Sul. Até o meio-dia da sexta-feira, 2/3 (61 dias em 2018), o uso de explosivos chegou a 18 casos, um crescimento de 225% em relação aos oito registrados no mesmo período do ano passado. Os grupos de criminosos que atacam bancos tem utilizado explosivos para abrir caixas eletrônicos em ações de furtos ou em assaltos em que sitiam cidades inteiras e que ocorrem em geral durante a madrugada em municípios de pequeno porte. O volume total de ataques a bancos até 2 de março deste ano supera em 10,7% o volume de ataques no mesmo período de 2017. São 31 casos contra 28. Os dados são obtidos pelo acompanhamento realizado pelo SindBancários desde maio de 2006 e levam em consideração os casos registrados por veículos de comunicação online e offline assim como relatos de dirigentes sindicais e de bancários.

Em parte, o crescimento se deve a um comportamento dos criminosos que se associam para praticar furto ou roubo de bancos. Trata-se de um perfil muito específico. Usar explosivos requer muita cautela. É preciso conseguir dinamite e saber onde colocar em um caixa eletrônico ou cofre para conseguir ficar com o dinheiro e fugir. Há ainda a necessidade de evitar ferimentos ou reduzir o risco de morte.

O ataque ao Banrisul de São José do Hortêncio, em 1º de março, comprova a necessidade de haver “especialistas”. Durante a madrugada, criminosos usaram dinamite para invadir agência do Banrisul pela porta da frente. Eles usaram duas bananas de dinamites, segundo a Brigada Militar, para tentar abrir os caixas eletrônicos. Uma delas não explodiu e eles tiveram que fugir sem levar nada.

Um mês antes, em 1º de fevereiro, um exemplo de outro tipo de modus operandi com associação de criminosos fortemente armados, sitiamento e uso de explosivos para atacar três agências bancárias de madrugada na cidade de Mata. Criminosos sitiaram a cidade, em mais um caso do que a Polícia Civil chama de “Novo Cangaço”, e usaram explosivos para abrirem caixas eletrônicos e fugirem apavorando a cidade. Mata fica no Planalto Central do RS, perto de Santa Maria, a 400 quilômetros de Porto Alegre. É escolhida pelos criminosos por ter baixo efetivo da Brigada Militar e ser um município pequeno, com cerca de 3 mil habitantes.

Sucessivos alertas

O secretário-geral do SindBancários e presidente em exercício, Luciano Fetzner, lembra que o SindBancários faz sucessivos alertas sobre o perigo para os bancários que o uso de explosivos representa e também para os moradores das proximidades das agências. “Para os bancários, uma agência explodida deixa uma sensação de medo, porque é um trauma muito grande ver o seu local de trabalho destruído. Além de representar prejuízo para os trabalhadores. As agências destruídas precisam ser reconstruídas e isso leva tempo. Os bancários deixam de fazer negócios e acabam perdendo oportunidades, inclusive de ascensão a cargos mais bem remunerados”, detalhou Luciano.

Outra questão relaciona-se ao risco de morte causado pelo uso de explosivos aos moradores das proximidades das agências bancárias. “As agências ficam em geral no centro das cidades de menor porte. São regiões mais densamente povoadas, com maior número de moradores. Não é incomum que em cima de agências bancárias haja pessoas morando em prédios de apartamentos. Uma explosão pode danificar apartamentos que ficam em cima de agências bancárias e causar uma tragédia. Basta um erro na quantidade de explosivo”, acrescenta Luciano.

Proposta

O SindBancários tem deixado claro que são necessárias atuações em algumas frentes. Primeiramente, é preciso construir uma legislação estadual que obrigue os bancos a investir em segurança, como vidros blindados, biombos, câmeras de segurança, alarmes. Por isso, o Sindicato apoia inciativas que visem a estimular que deputados estaduais apresentem legislação para todo o Estado. Em relação aos explosivos, há duas propostas, segundo Luciano Fetzner. “Já levamos ao conhecimento dos bancos nossas preocupações sérias sobre o crescimento do uso de explosivos nos últimos anos. Nossa proposta é que os bancos retirem o dinheiro dos caixas eletrônicos todos os dias às 18h. Sabemos que é uma medida drástica, mas que pode salvar vidas. Os bancos alegam aumento de custos para implementar essa medida. Nós avisamos que uma hora dessas pode acontecer um grande tragédia”, alerta Luciano.

Outros modus operandi

Além do crescimento do uso de explosivos, o volume de outros tipos de arrombamentos subiu 33,3% entre 1º de janeiro e 2 de março de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado. Os casos de furtos em que os criminosos utilizam maçaricos, machados e até martelos para invadir agências subiram 33,3%. Passaram de nove (2017) para 12 (2018). Os casos de assaltos à mão armado permaneceram os mesmos. No período recortado foram registradas sete ocorrências tanto num quanto no outro. A maior queda ocorreu nos registros de Novo Cangaço. São cinco nos primeiros dois meses de 2018 contra 11 do ano passado, queda de 45,5%.

Relação de ataques a bancos no Rio Grande do Sul

Março 2018

1. Dia 01: Banrisul (São José do Hortêncio). Criminosos usaram dinamite para invadir agência pela porta da frente. Segunda dinamite não explodiu em caixa eletrônico, e quadrilha fugiu sem levar nada.

2. Dia 01: Banrisul (Porto Alegre). Quatro criminosos atacam a agência Vila Nova. Três deles invadem, armados de revólveres, rendem os vigias e levam dinheiro dos caixas.

3. Dia 02: Banrisul (Piratini). Grupo fortemente armado, dispara tiros de fuzil de madrugada, mantém comerciante refém e explode dois caixas eletrônicos para levar dinheiro.

Fevereiro 2018

1, 2 e 3. Dia 01: Banco do Brasil, Banrisul e Sicredi (Mata). Bando atacou com explosivos o Banco do Brasil e o Banrisul, e levou uma quantia em dinheiro não especificada. A agência doSicredi também teve o vidro quebrado, mas os criminosos não levaram nada. Fuga, miguelitos na pista e escapada. Novo Cangaço.

4. Dia 02: Banrisul (Barra Funda). Antes de explodir caixas eletrônicos, criminosos realizaram disparos para amedrontar moradores da cidade.

5. Dia 02: Banrisul (São Martinho). Criminosos arrombaram agência a machado, danificam caixas eletrônicos, mas não conseguem abrir o cofre. Fogem sem levar nada.

6. Dia 02: Sicredi (Quatro Irmãos). Tentativa de assalto. Quadrilha troca tiros com a BM e foge.

7. Dia 05: Itaú (Novo Hamburgo). Criminosos fazem buraco na parde de agências e não levam nada.

8. Dia 11: Banrisul (Portão). Criminosos arrombam caixa eletrônico com maçarico e levam dinheiro.

9. Dia 21: Banco do Brasil (Pouso Novo). Alarme soa com entrada de criminosos na agência e frustra ataque a caixas eletrônicos.

10. Dia 23: Banrisul (Araricá). Criminosos atacam agência e são presos durante fuga pela BM.

11. Dia 23: Sicredi (Porto Alegre). Criminosos atacam agência no Centro (Alberto Bins), rendem vigilantes e levam dinheiro dos caixas.

12. Dia 23: Banco do Brasil (Bom Princípio). Tentativa de furto em que criminosos usam maçaricos para abrir caixas eletrônicos e não levam nada.

13. Dia 27: Banrisul (Imbé). Alarme dispara em caixa eletrônico que fica em um local junto a supermercado e afugente criminosos que tentaram arrombamento com maçarico. Eles fogem sem levar nada.

Janeiro 2018

1. Dia 01: Banco do Brasil (PoA). Posto do BB no bairro Jardim Botânico foi arrombado na virada do ano. Foi sexto ataque em menos de três meses.

2. Dia 04: Bradesco (PoA). Agência Partenon do Bradesco foi arrombada na madrugada. Sindicato interditou até consertos de portas. Criminoso levou uma CPU da agência.

3, 4 e 5. Dia 06: BB, Banrisul e Caixa (Butiá). Dez homens encapuzados pararam Centro da cidade. 2 pessoas feridas a bala. Explosões nos três bancos – Novo Cangaço.

6. Dia 07: Sicredi (Horizontina). Tentativa de arrombamento da agência.

7. Dia 09: Banrisul (Mariana Pimentel). Criminosos explodiram caixas da agência na madrugada. Troca de tiros com polícia.

8 e 9. Dia 11: Sicredi e Banrisul (Sede Nova). Três criminosos explodiram as duas agências próximas, na madrugada, não conseguiram acessar o dinheiro dos caixas e fugiram.

10. Dia 14: Banrisul (Viamão). Criminosos invadiram posto de combustível na madrugada e arrombaram terminal do banco. Fizeram reféns e terminaram fugindo com o dinheiro.

11. Dia 18: Banrisul (Taquari). Criminosos usam explosivo para arrombar e levar dinheiro de caixa eletrônico em centro comercial.

12. Dia 19: Sicredi (Quevedo). Arrombamento de caixa eletrônico com pé de cabra.

13. Dia 31: Sicredi (Canudos do Vale). Na madrugada, criminosos invadiram agência por uma janela lateral mas fugiram sem levar nada.

14. Dia 31: Banrisul (São Jorge). Na madrugada, ladrões explodiram caixas da agência mas não acessaram o dinheiro.

15. Dia 31: Banrisul (Lindolfo Collor). Grupo de criminosos atacou agência na madrugada, explodiu caixas, fez reféns e fugiu com o dinheiro.

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