Cármen, e não Maia, é o nome da Globo para a presidência

Me recuso a acreditar que a Rede Globo seja tão estúpida a ponto de se apoiar, mesmo que extemporaneamente, em uma pessoa tão medíocre quanto Rodrigo Maia.

Por isso, olho com muita desconfiança todo o movimento de Brasília, apesar de suspeitar que, desde o caso Caleiro, Rodrigo Maia se une a Moreira Franco para trair Michel Temer e seu lado Eduardo Cunha.

Desconfio pois Maia é um nome extremamente frágil, tanto por seu baixo capital político popular – nunca teve votação expressiva – quanto pela sua ligação com o ministro angorá que, basicamente, sofre dos mesmos problemas do presidente ilegítimo.

Mas não podemos escrever baseados só em suspeição, assim, há de se observar fatos que demonstram que Maia é, apenas, um boi de piranha que não vai conseguir chegar nem a metade do Rio. E aqui, sempre posso “copio e colo” o modus operandi de meu guru Luis Nassif e seu Xadrez de conjuntura política:

Peça 1: A ação que proíbe réu na linha sucessória da Presidência da República

O STF está em fase avançada em uma ação que impede que réus participem da linha sucessória da presidência da República. O placar já está praticamente definido, oito votos a favor de impedir que réus virem presidente e, basicamente, só precisa do posicionamento de Gilmar Mendes, que pediu vistas do processo, para definir o caso.

Peça 2: A delação da Odebrecht que envolve Rodrigo Maia e Eunício Oliveira

E para Eunício e Maia virarem Réu não é muito difícil: ambos foram citados na delação do Odebrecht, já homologada por Fachin, e só precisa que a PGR finalize um inquérito e que esse seja aceito pelo STF para que ambos se tornem réus.

Peça 3: A delação (forçada) de Eduardo Cunha

Aceitar a delação da Odebrecht por si só, por mais que seja “normal” neste Estado de Exceção que vivemos no país, precisaria de uma bomba midiática para ter ainda mais força na opinião pública. Bomba essa que, diga- se de passagem, já está sendo construída com a ajuda da PGR e sua fábrica de delações políticas que se adequam com a ocasião temporal.

Não é à toa, portanto, que Eduardo Cunha já tenha apontado uma delação que implique, justamente, Rodrigo e Eunício.

Vale ressaltar, ainda, que a Capa da Veja desta semana, discreta como um começo de desconstrução, já mostra a que vem a mídia contra Maia: Cunha irá pegá-lo em uma eventual delação.

E aqui temos uma disputa que se tornou comum nos últimos meses: a Globo não poupou críticas a Maia, enquanto a Folha contemporizou com o deputado carioca, mesmo não poupando o seu Sogro, Moreira Franco (assim como no áudio da JBS, Folha não acompanhou o massacre global).

De todo jeito, Rodrigo não goza do verniz protetor que tanto ajudou Temer no começo de sua usurpação – como aquela entrevista “como você conheceu a Marcela” (que Michel sabiamente chamou de propaganda do governo) – já colocaram as garras de fora pra cima do Botafogo.

Maia, como um aborto político, já é descartado antes mesmo de tomar posse.

Peça 4: O Golpe é jurídico-midiático

Maia é fruto do poder legislativo que, convenhamos, é uma das vítimas do excesso de forças que o judiciário utiliza na conjuntura política atual. O poder que se lambuzou no Golpe e, certamente, é o grande “pai” da ruptura institucional é o judiciário representado por Sérgio Moro e a covardia do STF, além do Ministério Público de Rodrigo Janot e Daltan Dallagnol.

Não é difícil se considerar que o grand finale do Golpe contempla um judiciário podendo abraçar o executivo (e nessa nossa coalizão maluca o próprio legislativo) para propor políticas públicas que possam servir aos interesses internacionais com mais respaldo popular.

Peça final: A Globo vem trabalhando Cármen como antítese a Dilma

Cármen Lúcia ganhou o prêmio “faz a diferença” da Globo ninguém sabe o porquê. Recentemente, esteve com Pedro Bial para mostrar seu lado simples e humano, que acredita no Brasil, e se aproximar do povo. Além disso, Lúcia começou a assumir uma postura mais liberal no que diz respeito a luta das mulheres, condenando o manterrupting de maneira exitosa e a violência contra a mulher de maneira desastrosa (errou a mão, pois não sabe mesmo o que está fazendo). É essencial que o novo presidente ou presidenta apresente um perfil liberal “fake“, que justifique os ataques neoliberais com algumas migalhas socais (um perfil como Macron, por exemplo).

Além disso, Cármen esteve reunida, mais de uma vez, com o “PIB” brasileiro – o famoso mercado que manda e desmanda no país – e, entre eles estava quem (tchã, tchã, tchã, tchã…): Carlos Schroder, diretor-geral da Rede Globo.

Ou seja, basta que Gilmar saia de cima de uma ação do STF e Fachin aceite uma denúncia contra Maia/Eunício para que Cármen Lúcia seja a próxima da linha sucessória, tudo interna corporis STF. Aliado ao massacre que os presidentes da casa vão sofrer com a delação de Cunha e as marionetes que o mercado vai movimentar no legislativo, a parceria jurídico-midiática, finalmente, poderá vencer a batalha do Golpe 2016.

Por isso, a queda de Temer ou Maia pode ser, perversamente, ainda pior para o país. Não podemos jamais perder de vista que as diretas já aliada a um plano popular é a única saída que temos. E tal ação passa, necessariamente, por diminuir o poder da Rede Globo e lutar contra o Estado de Exceção.

Texto de Tadeu Porto
Fonte: Sul21

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