Trabalhadores de Pelotas demonstram força para resistir à tentativa de privatizações no estado

Em audiência pública, realizada nesta quinta-feira (21/02), na Câmara de Vereadores, trabalhadores do Banrisul, CEEE, Sulgás, CRM e Corsan demonstram força para seguir resistindo ao projeto privatista do governo Eduardo Leite, que dá sequência ao que vinha sendo feito pelo ex-governador José Ivo Sartori (MDB).

Mesmo contrariando promessas de campanha, o governador Eduardo Leite enviou à Assembleia um projeto que pretende excluir qualquer consulta à população para vender estatais gaúchas que são fundamentais para a economia do estado. O Banrisul, que está na mira do tucano, obtendo lucro recorde de R$ 1,1 bilhões de reais,  em 2018, havia sido descartado entre as possíveis empresas a serem vendidas, mas, após conversa com o ministro da economia, Paulo Guedes, passou a ser a contrapartida para o governo federal suspender por até três anos a dívida do estado com a União.

Ao atender solicitação dos trabalhadores, o vereador Ivan Duarte (PT), proponente da audiência, enfatizou que os trabalhadores de Pelotas e Região precisam organizar a resistência contra a não realização do plebiscito. “O governador quer acabar com a necessidade de consulta pública para agilizar o processo de privatização das estatais. Por isso, hoje, estamos unificando a luta dos trabalhadores gaúchos dessas cinco estatais”, disse.

Exemplo da CEEE

O caso da CEEE é um dos mais delicados e ajuda a refletir sobre os riscos que sofrem os funcionários do Banrisul. Em 1997, dois terços da empresa foram entregues para a iniciativa privada, ficando nas mãos de uma estatal chinesa – a State Grid. O restante, que o governo pretende vender, agora, inclui a região de Pelotas, podendo levar a demissão de centenas de trabalhadores. “Ao todo, quatro mil funcionários seriam demitidos no estado. Somente na nossa região, em torno de 450 trabalhadores ficariam desempregados. Isso demonstra que a intenção desse governo é simplesmente acabar com o funcionalismo público”, adverte Eduardo Pires, vice-presidente do Senergisul.

Os representantes do Senergisul enfatizam, ainda, que o caráter da empresa pública prevê um compromisso social, diferente da lógica das empresas privadas, que, por essência, possuem outra dinâmica de atuação. Isso inclui a prioridade no lucro, o que pode acabar prejudicando clientes de zonas periféricas. “Está na hora de montarmos um grande movimento para impedir essa injustiça. Muitos dos parlamentares das regiões que são atendidas pela State Grid, cujos moradores e produtores ficam sem energia por mais de 72 horas, precisam prestar contas para os seus eleitores. Eles não podem rasgar a Constituição”, ressalta a presidente do Senergisul, Ana Maria Spadari.

Ana Maria critica a postura autoritária do governo, de não querer ouvir a população, e desafia o governo a avaliar os servidores públicos, que, mesmo com o sucateamento da CEEE, seguem prestando um serviço de melhor qualidade para a população do que a parte do serviço que foi privatizada. “Quem sabe da sua competência não tem medo de ser avaliado. Quem tem medo de ser avaliado, pelo visto, é o governador Eduardo Leite, que prometeu fazer um amplo debate com a sociedade sobre a venda das estatais, na época de campanha, mas, agora que chegou lá, quer rasgar a Constituição. Somos trabalhadores, somos cidadãos gaúchos, e temos o direito de dizer o futuro que queremos para as próximas gerações”, criticou a presidente do Senergisul, sob aplausos da platéia que lotou o plenário da Câmara de Vereadores de Pelotas.

Banrisul

O diretor do Sindicato, Paulo Fouchy, que é também funcionário do Banrisul e compartilha dos anseios dos trabalhadores das demais estatais, fez um apanhado da atual situação do banco e alertou sobre o plano de incentivo à aposentadoria, que altera o quadro de funcionários, precarizando o serviço, na mesma linha do que ocorreu com a CEEE. “Nesse plano, está prevista a saída de 600 funcionários. Embora nesse final de semana esteja sendo realizado concurso público, é preciso estar atento para o fato de que, aqui na nossa região, por exemplo, estão saindo em torno de 10 pessoas, e o número de vagas para reposição desses funcionários, por meio deste processo seletivo, é de apenas uma vaga”, denuncia.

Funcionária do Banrisul e delegada do Sindicato, Geruza Esteves Borges, que esteve marcando presença na audiência, presencia diariamente a angústia dos colegas pela incerteza quanto ao futuro do banco. “O ambiente, dentro da agência, é de muita preocupação. Muitos colegas acreditaram nas promessas de campanha, que, aparentemente, pouparia o banco dessa avalanche de privatizações, mas, desde que saiu a informação, na mídia, com as intenções do governo de retirada do plebiscito, o clima é de indignação. Agora é hora de transformar essa indignação em unidade e mobilização. Esperávamos contar com mais bancários, hoje, aqui na audiência, pois só com essa unidade em defesa do nosso emprego e dos nossos direitos é que será possível evitar o pior”, alertou.

Imprensa Seeb Pelotas

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